sexta-feira, 29 de maio de 2015

Conheça o agente penitenciário que derrotou Rafael dos Anjos, campeão peso-leve do UFC

Abu e Rafael se enfrentaram em suas estreias, onde o mineiro levou a melhor por decisão dividida

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O mundo das lutas contem muitas histórias que precisam ser contadas. Muitas são de superação, outras são engraçadas. No caso de Adriano “Abu” é uma verdadeira saga de paixão pelo esporte e por sua profissão. Adriano estreou no MMA profissional contra Rafael dos Anjos, hoje campeão dos leves do UFC. Enquanto faixa roxa derrotou dois faixas pretas de Minas Gerais. Se tornou professor na Brazilian Top Team. E se não bastasse, faz parte do grupo de intervenção rápida, grupo especial dos agentes penitenciários, em Minas Gerais. Sabendo disso, o Esporte Interativo, Fez questão de conhecer um pouco mais da trajetória desse verdadeiro guerreiro de perto.
Adriano Mendes da Silva, 37 anos, nascido e criado em Juiz de Fora. Logo no inicio de carreira, Adriano ganhou um apelido. “ABU”, o motivo é que quando ainda era branca no Jiu Jitsu, gostava de falar que iria ganhar o mundial de Abu Dhabi. Logo os companheiros de treino, trataram de chamar o até então novato pelo apelido. Hoje “Abu” é faixa preta segundo grau em Jiu Jitsu, grau preto no Muay Thai, e esta próximo de se tornar instrutor de krav maga.
Adriano começou a treinar artes marciais com 16 anos, com o hoje médico anestesista, Dr.Malcon, que na época era faixa branca de jiu jitsu e tinha uma experiência em kung-fu. Malcon dava aula para amigos em sua garagem, onde Adriano começou a se apaixonar pelas lutas.
“Eu achava que era de borracha, ali tive meu primeiro contato com triangulo, armlock, achava que nada daquilo ali iria me pegar. No dia seguinte eu estava todo arrebentado, eu achava que luta era só soco e chute. Quando tive condições de pagar as mensalidades me matriculei para treinar JiuJitsu”.
Apesar de total amor pela arte suave, Adriano sempre gostou da trocação e após perceber que nos treinamentos sem kimono ele conseguia um certo destaque, decidiu procurar o Muay Thai para se tornar ainda mais completo.
“Eu comecei a treinar o Muay Thai com o Carlos Silva, e continuei treinando Jiu Jitsu com o Ricardo Marques. Após muito tempo de treino, fui graduado preta em Muay Thai e depois não parei mais”.
Após se tornar um lutador completo, era praticamente inevitável que Adriano fosse rumo ao MMA. Não demorou muito para a primeira oportunidade aparecer. Um ex-aluno, promotor do JF FIGHT, evento realizado em Juiz de Fora, queria um atleta local para representar a cidade. Adriano foi escolhido pelo seu mestre para lutar contra o, até então desconhecido e também estreante, Rafael dos Anjos, hoje campeão peso-leve do UFC.
“Eu só sabia que ele tinha ganho o absoluto da Gracie Barra por ter visto a foto dele numa revista. Eu tive pouco tempo para me preparar, a luta foi oferecida umas 2 semanas antes, para mim e para ele também. Nos encontramos lá e foi aquela guerra!. No inicio ele me surpreendeu, quando eu tentei entrar ele me golpeou bastante, inclusive deu pra ver que ele tinha uma mão pesada. No primeiro round eu fiquei igual a um morto vivo, o que me manteve em pé foi minha cabeça que sempre foi dura. No segundo round eu coloquei meu Muay Thai e meu Jiu Jitsu para fora e passei a controlar a luta, ele levou o primeiro round e eu levei os outros dois. Ele lutou muito bem, mas nesse dia eu fui superior”.
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Apesar de ter construído um cartel de duas vitórias no MMA, duas vitórias em lutas profissionais de Muay Thai, e diversas no Jiu Jitsu, inclusive derrotando dois faixas pretas enquanto ainda era faixa Roxa, Adriano acabou não seguindo a carreira de lutador profissional como muitos de seus amigos e treinadores queriam.
Como acontece com grandes talentos no Brasil, chegou o momento que Adriano precisou escolher entre abandonar tudo e tentar a sorte no mundo das lutas, ou ir para uma profissão mais segura. Curiosamente “Abu” não escolheu nenhum dos dois caminhos, ele foi aprovado em um concurso publico para se tornar agente penitenciário em Minas Gerais. Mesmo com os conselhos dos mestres dizendo para ele buscar o sonho de ser um grande lutador profissional, Adriano preferiu dar uma melhor condição para o pai, pintor e a mãe faxineira.
“Eu decidi pelo trabalho como agente, não me arrependo, eu ganharia mais que meu pai e minha mãe e poderia ter uma vida mais tranquila como eu tenho hoje em dia. Ou eu arriscava tudo nas lutas, ou seguia na carreira que foi o que decidi”.
Com uma carreira que vinha sido construída com tanto sucesso, é inevitável que os fãs de MMA se perguntem em que patamar Adriano estaria hoje se tivesse optado pela carreira de lutador. Mas a única certeza é que ainda podem ter a chance de ver ele lutando profissionalmente.
“Eu pretendo fazer uma, ou duas lutas de despedida. Lógico que não a nível de UFC, isso já passou para mim, eu tenho certeza que se eu tivesse insistido, a mesma oportunidade que o Rafael teve, eu teria também. Nós somos parecidos, somos guerreiros, fico muito feliz que ele tenha alcançado o sucesso.”
Hoje, Adriano atua como professor na Brazilian Top Team, dando aula praticamente todos os dias, o que tem que conciliar com o duro trabalho de agente penitenciário, onde trabalha inclusive aos fins de semana.
“A rotina é bem corrida. Eu saio do plantão e dou aula praticamente todos os dias, além dos trabalhos presídio aos fins de semana. Eu trabalho em penitenciaria já fazem 12 anos, eu amo minha profissão, tanto de agente, quanto de lutador e professor. Quando a gente faz o que a gente gosta, a gente se sacrifica, mas fica feliz e realizado.”
Muitas vezes as técnicas adquiridas dentro das artes marciais são usadas por Adriano em seu trabalho . Ele faz parte do grupo de intervenção rápida, e muitas vezes precisa do uso moderado da força para controlar diversas situações com os presos.
“As artes marciais para mim foram um divisor de águas. Eu dava aula para o pessoal que trabalhava comigo, nosso grupo virou referencia em controles de rebeliões, até mesmo porque tínhamos o menor de lesões nos sentenciados”.
Apesar de corrida, Adriano já parece ter sua rotina bem definida e não pretender mais nada novo correto? ERRADO, o blackbelt planeja ainda desenvolver um curso de defesa pessoal unindo seu Muay Thai, Jiu Jitsu e Krav Maga.
“Eu acho que num todo, são poucas as artes que usam defesa de armamento, defesa pessoal pura. Eu estou criando esse sistema baseado nessas lutas e vamos dar alguns cursos para ajudar e ensinar as pessoas.”.



 Veja do vídeo da luta no link abaixo:

Fonte: http://esporteinterativo.com.br/lutas/conheca-adriano-o-agente-penitenciario-que-e-professor-na-american-top-team/

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