quarta-feira, 13 de maio de 2015

CIESP/JF escolta pais suspeitos de matar a própria filha de dois anos

Mãe e padrasto são suspeitos e foram detidos no velório da criança.
Eles confessaram agressão anterior em depoimento nesta quarta-feira (13).

Padastro suspeito morte Luana Juiz de Fora.jpg (Foto: Roberta Oliveira/ G1) 
Após depoimento, suspeito retornou ao Ceresp
(Foto: Roberta Oliveira/G1)
A menina Luana Silva Rocha, de dois anos, que foi agredida a chutes, apanhou em condições semelhantes dias antes de morrer em Juiz de Fora. A informação é do delegado de Homicídios, Rodrigo Rolli, que nesta quarta-feira (13), ao ouvir novamente a mãe e o padrasto da criança, suspeitos do crime, confirmou as agressões apontadas no laudo de necropsia.
O documento havia apontado que a criança morreu após ser agredida com pontapés. A mãe, de 25 anos, e o padrasto, de 27, confessaram as agressões em depoimento no dia 7 de maio, quando foram presos durante o velório.
Segundo Rolli, o laudo de necropsia foi reavaliado. "Vimos uma lesão antiga no rosto, uma escoriação com escamação, que demostra que havia um ferimento há mais de cinco dias. Ao indagarmos a mãe e o padrasto, foi confessado que uma semana antes do homicídio ele havia batido na criança, demonstrando que havia maus tratos anteriores à morte. A tragédia já estava anunciada”, ressaltou.
O pai biológico da menina, de 27 anos, também era aguardado para prestar depoimento, mas ele não foi localizado. “Segundo informações, ele moraria no Bairro Nossa Senhora das Graças, mas, no endereço indicado, ele não foi encontrado, somente familiares. Ele seria um andarilho, uma pessoa que trabalha com recicláveis e não teria residência fixa. Nós estamos tentando achá-lo ainda", explicou.

Mesmo sem o depoimento do pai biológico, o delegado explicou que tem elementos para encerrar o caso. "Falta fazer o relatório nesta tarde e irei remetê-lo nesta quinta-feira (14) ao poder judiciário para que a prisão em flagrante seja transformada em prisão preventiva. Eles vão responder por homicídio triplamente qualificado e também por maus tratos e lesão corporal", comentou.
A possibilidade de solicitar exame de sanidade mental do casal foi descartada pelo delegado. “Ambos falaram que nunca tiveram qualquer tipo de problema ou transtorno psicológico. Perguntados mais uma vez se eles haviam feito uso de drogas e bebidas, os dois negaram, falaram que foi uma discussão momentânea sem qualquer influência de drogas ou de álcool. Se o judiciário ou Ministério Público achar por bem requerer o exame de sanidade fica a cargo deles", explicou.
Após os depoimentos, o padrasto retornou para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), e a mãe para a Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires.
Irmã da vítima
O paradeiro da irmã de Luana, uma menina nascida no dia 1º de março, foi oficialmente comunicado à Delegacia de Homicídios nesta quarta-feira. "A criança está com a irmã do padrasto em Simão Pereira, em guarda provisória. Na época do nascimento, a mãe permaneceu em coma e o hospital foi diligente no sentido de não entregá-la ao pai e procurar a Vara de Infância que determinou a entrega aos tios”, afirmou o delegado.
Sobre a menina, o comissário de Menores, Maurício Alvim, explicou que o processo de guarda ainda está em andamento. "O pai sabia onde estava a criança. A Vara de Infância achou melhor que a criança ficasse com alguém da família, como a tia, porque achou que o pai não tinha condição de cuidar da criança sozinho. Não foi por denúncia de maus tratos, mas por cautela", destacou.
Depoimentos
A mãe falou por cerca de 35 minutos e o padrasto foi ouvido por 25 minutos na Delegacia de Homicídios. Sobre o motivo de estarem com a criança, a mãe disse que a decisão foi dos tios que tomavam conta dela. “Ela falou de novo que os próprios tios ficaram com receio de manter a criança sob a guarda deles sem qualquer autorização judicial. Ela tomou conta, mas não demonstrou qualquer emoção com relação a isso”, ressaltou o delegado.
Na semana passada, em entrevista ao MGTV, o tio, Jorge Vinícius Gabriel, afirmou que havia solicitado a guarda da menina. "A gente procurou o Conselho Tutelar para ter a guarda, só que a mãe nunca assinou nenhum papel para a gente, não quis passar a guarda", comentou. No entanto, o Conselho Tutelar negou a informação e disse que não há registro de atendimentos à família.
Delegado de Homicídios de Juiz de Fora Rodrigo Rolli (Foto: Roberta Oliveira) 
Delegado descartou pedir laudo de insanidade de
casal (Foto: Roberta Oliveira/G1)
Sobre a autoria do crime, há divergências. O delegado explicou que a mãe alega que apenas o padrasto agrediu a criança. “Ele mantém a versão de que o casal estava em briga constante e que, em um momento de surto, ele agrediu a mãe, atingindo a criança. O que nos espanta é uma agressão, com tantos chutes na cabeça de uma criança, ter sido em razão de uma discussão com a mãe”, analisou o delegado.
Rodrigo Rolli reforçou que o comportamento da mãe mostrou que ela teve responsabilidade na morte da criança. "Ela alegou ter medo do companheiro. No entanto, os próprios familiares, nos depoimentos no dia do flagrante, afirmaram que ela estava tranquila, sem qualquer demonstração de medo ou temor por parte do suspeito. Ela foi indagada por familiares longe dele e permaneceu tranquila, sem qualquer exaltação, em uma frieza total. Isso nos levou à ratificação da prisão dela também, porque ela teve momento para poder falar sobre os fatos, no entanto, ela não se manifestou, o que nos leva a crer na participação dela no crime”, afirmou o delegado.
Lembre o caso
O inquérito foi aberto no dia 7 de maio, após o crime ser descoberto no Instituto Médico Legal (IML). A médica legista suspeitou de marcas de violência no corpo da criança e acionou os investigadores. "Ao verificar o corpo da criança a olho nu verificamos alguns hematomas que não eram condizentes com a 'causa mortis' que a mãe havia informado", disse o inspetor da polícia, Anderson Salvador.
O padastro e a mãe teriam espancado a criança durante a noite desta quarta-feira (6). Inicialmente, os suspeitos disseram que a menina teria sofrido uma queda. Depois, questionados pelo delegado, afirmaram se tratar de atropelamento. "Aqui na delegacia começaram a confessar o crime. Houve uma discussão inicial entre o casal e a mãe foi advertir a criança dando tapas. Depois o homem, não satisfeito, começou a chutar a criança de uma forma violenta. A criança ficou completamente desfigurada. Ela foi levada até o Pronto Atendimento Infantil (PAI), onde já chegou sem vida", descreveu o delegado Rodrigo Rolli.
Durante as apurações, o delegado ressaltou que o padrasto tem um histórico de envolvimento em episódios de violência. De acordo com informações repassadas pela assessoria da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), o padrasto de 27 anos teve duas passagens no Ceresp, entre os dias 13 de fevereiro e 2 de março de 2010 e entre os dias 28 de janeiro e 5 de abril de 2011. Nos dois casos, saiu por cumprimento de alvará de soltura.


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