quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

REBELIÃO NO COMPLEXO PENITENCIÁRIO NELSON HUNGRIA (CPNH)

Um dos motivos da rebelião seria a mudança na rotina de visita das grávidas
Continua rebelião em Contagem; professora precisou ser medicada

Uma das questões que motiva a  rebelião na Penitenciária Nelson Hungria é a mudança na rotina das visitas das mulheres grávidas. Antes, elas não precisavam passar pela revista ou pelo aparelho de raio-x (bodyscam), agora as visitas acontecem em uma sala e são monitoradas por uma assistente social. O sub-subsecretário de segurança pública, Murilo Andrade, explicou que essa alteração ocorreu para melhorar o conforto das mulheres. Entretanto, as visitas das grávidas estaria facilitando a entrada de drogas e celares na penitenciária.
Andrade negou, ainda, denúncias de parentes de que os detentos estariam sendo ameaçados por agentes penitenciários. "Se houver algum indício desse tipo de violência imediatamente iremos instaurar um procedimento administrativo" acrescentou o secretário. 
 
Os detentos iniciaram a rebelião na unidade nesta quinta-feira (21). Uma professora do sistema prisional e um agente penitenciário são mantidos reféns no local. A professora chegou a passar mal e precisou ser medicada. O outro refém teve seu rádio tomado por um dos presos que está comandando a negociação. O homem foi ameaçado com um objeto perfurante, parecido com uma barra de ferro.  
 
Negociação
 
Até 18h desta quinta, o motim ainda não havia terminado. Militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) acompanhavam a rebelião e movimentação dos detentos que permaneciam no telhado no pavilhão 1.  O sub-secretário ainda aguarda que os detentos divulguem suas reivindicações. "Assim que as reivindicações forem apresentadas, faremos de tudo para poder atendê-las", prometeu o secretário de segurança pública Murilo Andrade.
 
Para o secretário a rebelião na Nelson Hungria foi um fato isolado. Apesar da super lotação na unidade e em outros presídios do Estado, ele não acredita que possam haver outras rebeliões. 
 
Superlotação
 
A superlotação é uma realidade do Complexo Penitenciário Nelson Hungria. Conforme a Secretária de Estado de Defesa Social (Seds), a penitenciária tem capacidade para 1.664 detentos, porém abriga 1.970, o que representa cerca de 18% de presos a mais do que a prisão estaria apta a receber. 
 
 
Entenda o caso
Um dos detentos envolvidos na rebelião usou um celular para ligar para a Rádio Itatiaia e se identificou como Daniel Cipriano. Durante o contato telefônico com a equipe de reportagem da emissora, o preso alegou que o motim, iniciado no Pavilhão 1 e que já conta com a participação de 100 detentos, é feito como forma de reivindicação à proibição de visitas de mulheres grávidas e mudança nos horários para que os parentes vejam os detentos.
Militares do 18º Batalhão de Polícia Militar, de Contagem foram os primeiros a chegarem no local. Homens do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE), Batalhão de Choque e Corpo de Bombeiros também estão na unidade.
 
Por meio de nota, a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) informou que o motim começou por volta das nove horas da manhã e envolve cerca de 90 detentos. Segundo a Suapi, a professora e o agente foram rendidos no momento em que estavam na sala de aula que funciona dentro da unidade prisional e que, por enquanto, não há feridos.
 
Ainda segundo o órgão, Bruno Fernandes, o goleiro Bruno, não está envolvido no motim. O atleta está preso há dois anos e meio na penitenciária e será julgado em 4 de março deste ano, pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio.
 
Outro detento que também está fora do tumulto é o acusado de matar dois empresários em abril de 2010, no bairro Sion, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
 
Em relação a comunicação feita pelo detento através de celular, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que não é permitido uso de celulares dentro das unidades prisionais. No Complexo da Nelson Hungria um Body Scan em funcionamento, permite bloquear o aparelho. Porém o órgão não informou como o preso conseguiu se comunicar  de dentro da penitenciária.
 

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