sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Juiz de Fora tem déficit de 226 policiais civis

Além da carência de agentes, há necessidade de reestruturar trabalho das delegacias
Por SANDRA ZANELLA
Delegada Regional, Sheila Oliveira, e chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, José Walter Matos, que visitaram ontem a Tribuna, apostam na convocação de mais investigadores para a região
Delegada Regional, Sheila Oliveira, e chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, José Walter Matos, que visitaram ontem a Tribuna, apostam na convocação de mais investigadores para a região

“Precisamos de material humano, essa é nossa principal carência”, afirmou ontem o chefe do 4ª Departamento de Polícia Civil, José Walter da Mota Matos, ao admitir, ao lado da delegada Regional, Sheila Oliveira, o déficit de 226 policiais civis em Juiz de Fora e a necessidade de reestruturar a corporação, conforme já anunciado pelo próprio novo Governo de Minas. Em visita às novas instalações da Tribuna e à Rádio CBN-Juiz de Fora, no Estrela Sul, eles falaram da aposta na nova chefia da Polícia Civil no estado: o delegado geral Wanderson Gomes da Silva, com histórico de carreira “operacional”, foi escolhido pelo governador Fernando Pimentel (PT) para liderar a corporação, ao lado de Marcos Silva Luciano, nomeado como adjunto. A expectativa é de que boa parte dos mil investigadores que já estão na Acadepol possa suprir a demanda do cargo na cidade e região, que ainda carece de policiais em todas as áreas, como escrivães, peritos e delegados.
“O quadro de investigadores vai ser renovado, e esse serviço de campo é a base do nosso trabalho”, observou José Walter. “O Governo está falando abertamente que quer reestruturar a polícia toda, então, provavelmente, podem ser convocados até dois mil investigadores nesse concurso”, observou Sheila, acrescentando o fato preocupante de que, ainda em 2015, cerca de 30% do quadro atual de servidores da 1ª Delegacia Regional devem se aposentar.

Delegacias distritais x especializadas
Questionada sobre rumores de que as delegacias distritais, divididas por cada uma das sete regiões da cidade, iriam ser extintas e voltar a dar lugar às delegacias especializadas, como já estão em funcionamento as de Homicídios, Roubos e Antidrogas, a delegada Sheila ponderou: “Mudanças vão ocorrer. A divisão como é hoje em Juiz de Fora foi resolução conjunta entre a Seds (Secretaria de Estado de Defesa Social), Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público e outros órgãos. Algumas alterações devem ser feitas, mas o Governo ainda não se pronunciou.”
O chefe do 4º Departamento avaliou que a proposta de integração entre as forças de segurança pública, que surgiu junto com a setorização das delegacias no Governo tucano, “só existiu no papel”. ” Para você integrar, tem que partir do pressuposto de que as forças de segurança são equânimes. Só, que, por exemplo, o efetivo da Polícia Militar é, no mínimo, três vezes maior do que o da Polícia Civil, e nossa parte sempre foi deficitária. Esse é o grande gargalo para fazer integração da segurança pública.”
A principal preocupação de José Walter é retomar a qualidade do serviço investigativo. “Com o retorno das especializadas, temos condições de dedicar mais, não adianta só colocar metas. Nessa vivência, sabemos que muitos detalhes de um crime surgem no decorrer da investigação, o que demanda tempo.” Sheila fez coro: “O trabalho com as delegacias especializadas rende muito mais frutos. Isso é óbvio, todas as áreas do conhecimento estão se especializando. Não podemos simplesmente lotear uma cidade, porque não conseguimos juntar os fatos que acontecem e nem os modus operandi, porque não há tempo e nem condições para isso.”
Segundo José Walter, reuniões em Belo Horizonte apontam que a Polícia Civil vai voltar seu foco para a qualidade na investigação. “Vamos continuar com as metas, mas elas serão diferenciadas, não preocupadas com o aspecto quantitativo mas, principalmente, com o qualitativo”, disse José Walter. “A Polícia Judiciária hoje trabalha muito com apreensão, mas deveria trabalhar mais com inteligência, lavagem de dinheiro, para tentar atingir os grandes financiadores do tráfico. A Polícia Civil precisa estar mais estruturada para fazer o seu papel”, completou. Além de “brigar” por mais policiais no município, ele garantiu que vai interceder para que seja instalado o Posto de Perícia Integrada (PPI) no Bairro Granbery este ano. “Também tenho que alocar recursos nas regionais de Ubá, Leopoldina e Muriaé”, lembrou o chefe do 4º Departamento, que engloba 86 municípios na região.

Fonte: Tribuna de Minas

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