Além da carência de agentes, há necessidade de reestruturar trabalho das delegacias
Por SANDRA ZANELLA
Delegada Regional, Sheila Oliveira, e chefe do 4º Departamento da Polícia Civil, José Walter Matos, que visitaram ontem a Tribuna, apostam na convocação de mais investigadores para a região |
“O quadro de investigadores vai ser renovado, e esse serviço de campo é a base do nosso trabalho”, observou José Walter. “O Governo está falando abertamente que quer reestruturar a polícia toda, então, provavelmente, podem ser convocados até dois mil investigadores nesse concurso”, observou Sheila, acrescentando o fato preocupante de que, ainda em 2015, cerca de 30% do quadro atual de servidores da 1ª Delegacia Regional devem se aposentar.
Delegacias distritais x especializadas
Questionada sobre rumores de que as delegacias distritais, divididas por cada uma das sete regiões da cidade, iriam ser extintas e voltar a dar lugar às delegacias especializadas, como já estão em funcionamento as de Homicídios, Roubos e Antidrogas, a delegada Sheila ponderou: “Mudanças vão ocorrer. A divisão como é hoje em Juiz de Fora foi resolução conjunta entre a Seds (Secretaria de Estado de Defesa Social), Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público e outros órgãos. Algumas alterações devem ser feitas, mas o Governo ainda não se pronunciou.”
O chefe do 4º Departamento avaliou que a proposta de integração entre as forças de segurança pública, que surgiu junto com a setorização das delegacias no Governo tucano, “só existiu no papel”. ” Para você integrar, tem que partir do pressuposto de que as forças de segurança são equânimes. Só, que, por exemplo, o efetivo da Polícia Militar é, no mínimo, três vezes maior do que o da Polícia Civil, e nossa parte sempre foi deficitária. Esse é o grande gargalo para fazer integração da segurança pública.”
A principal preocupação de José Walter é retomar a qualidade do serviço investigativo. “Com o retorno das especializadas, temos condições de dedicar mais, não adianta só colocar metas. Nessa vivência, sabemos que muitos detalhes de um crime surgem no decorrer da investigação, o que demanda tempo.” Sheila fez coro: “O trabalho com as delegacias especializadas rende muito mais frutos. Isso é óbvio, todas as áreas do conhecimento estão se especializando. Não podemos simplesmente lotear uma cidade, porque não conseguimos juntar os fatos que acontecem e nem os modus operandi, porque não há tempo e nem condições para isso.”
Segundo José Walter, reuniões em Belo Horizonte apontam que a Polícia Civil vai voltar seu foco para a qualidade na investigação. “Vamos continuar com as metas, mas elas serão diferenciadas, não preocupadas com o aspecto quantitativo mas, principalmente, com o qualitativo”, disse José Walter. “A Polícia Judiciária hoje trabalha muito com apreensão, mas deveria trabalhar mais com inteligência, lavagem de dinheiro, para tentar atingir os grandes financiadores do tráfico. A Polícia Civil precisa estar mais estruturada para fazer o seu papel”, completou. Além de “brigar” por mais policiais no município, ele garantiu que vai interceder para que seja instalado o Posto de Perícia Integrada (PPI) no Bairro Granbery este ano. “Também tenho que alocar recursos nas regionais de Ubá, Leopoldina e Muriaé”, lembrou o chefe do 4º Departamento, que engloba 86 municípios na região.
Fonte: Tribuna de Minas
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