domingo, 13 de março de 2016

Movimentação de presos consome R$ 2,3 milhões por ano dos cofres do estado do Rio de Janeiro



 A movimentação de presos para hospitais, audiências na Justiça, transferências de unidade prisional e idas à delegacia consome R$ 2,3 milhões por ano. Diariamente, cerca de 600 detentos estão em trânsito, nas ruas do estado, escoltados por agentes do Serviço de Operações Especiais (SOE) da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Além do alto custo, o transporte dos internos é perigoso, uma vez que aumenta a possibilidade de fugas, e ainda abre brechas para a corrupção. Quatro inspetores do SOE são investigados numa sindicância por terem sido responsáveis pela fuga de Waldemar Ferreira Bastos Neto, no início do mês passado.
Agentes do SOE durante transferência de presos
Agentes do SOE durante transferência de presos Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo
Um levantamento inédito feito pela Seap mostra que entre maio e dezembro de 2015, o SOE fez 109.698 movimentações de presos no Rio. O número, no entanto, já foi maior. Após uma tentativa de fuga no Fórum de Bangu, em outubro de 2013, a circulação de presos diminuiu. Na ocasião, houve uma tentativa de resgate de dois internos que foram levados para uma audiência.
Antes, os detentos deixavam as unidades prisionais e iam até os fóruns para conversar com defensores e tomar ciência de novidades de seus processos, o que não ocorre mais. Além disso, os presos considerados de altíssima periculosidade são ouvidos por videoconferências. De acordo com a secretaria são feitas 20 videoconferências por mês nas três salas existentes no Complexo de Gericinó.
O trabalho dos 380 homens do SOE é pouco conhecido. Com isso, acaba escondendo também as falhas. Um dia após a fuga de Waldemar, por exemplo, a Vara de Execuções Penais (VEP) do Rio sequer tinha sido comunicada sobre o episódio. Uma sindicância foi aberta para apurar o porquê da falta de informações.
Coordenador do SOE, Antonio de Pádua Pereira da Silva, ressalta que para a grande movimentação de presos feita pelo grupo, os problemas são praticamente inexistentes.
— Estatisticamente, temos zero de problema se você olhar a quantidade de presos que transportamos diariamente. Nosso serviço às vezes tem tudo para dar errado e dá certo. Meu pessoal sua muito a camisa. O serviço é intenso. Como diz nosso secretário, somos a alma invisível da secretaria — avalia Pádua, que já está no SOE há 15 anos.
Para fazer parte do grupo, os inspetores já concursados precisam fazer provas escrita e física, além do exame psicotécnico. Após a aprovação, eles ainda passam por um curso de formação que dura 45 dias. Além do Complexo de Gericinó, o SOE tem outras seis bases no Estado do Rio. Sobre a frequente reclamação do atraso na apresentação dos presos para as audiências, Pádua reconhece a dificuldade para solucionar a questão.
— Temos efetivo reduzido. A demanda é grande e muitas vezes não conseguimos chegar no horário. Fazemos sempre um cronograma, mas temos contratempos, como o trânsito — explica.
Waldemar é apontado como fundador de uma quadrilha que aplica golpes de falso sequestro
Waldemar é apontado como fundador de uma quadrilha que aplica golpes de falso sequestro Foto: Reprodução
O preso Waldemar Ferreira Bastos Neto, de 36 anos, conseguiu escapar quando era escoltado pelo SOE, no dia 2 do mês passado. Uma sindicância da Corregedoria da Seap conclui que quatro inspetores foram os responsáveis pela fuga. A investigação, no entanto, ainda está em andamento. Após o fim dessa apuração, os inspetores vão responder a inquérito administrativo na Seap e podem perder a função. A sindicância será ainda encaminhada à Polícia Civil para ser anexada ao inquérito da fuga.
Apontado como fundador de uma quadrilha que aplica golpes de falso sequestro de dentro da cadeia, Waldemar Ferreira Bastos Neto é considerado um preso de altíssima periculosidade. Ele foi recapturado por agentes da Inteligência da Seap 17 dias após sua fuga, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. O detento já foi condenado a mais de 30 anos de prisão.


Fonte: http://extra.globo.com/casos-de-policia/movimentacao-de-presos-consome-23-milhoes-por-ano-dos-cofres-do-estado-18860013.html

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