terça-feira, 18 de março de 2014

Violência explode em Juiz de Fora

Polícia Civil anuncia mudança de estratégia contra criminalidade e garante que vai haver mais repressão; Polícia Militar diz que monitora gangues

Por Renata Brum, Sandra Zanella e Michele Meireles
Delegada Regional Sheila Oliveira garantiu que as mudanças serão imediatas na área de investigação
Delegada Regional Sheila Oliveira garantiu que as mudanças serão imediatas na área de investigação
A violência explode em Juiz de Fora. Da noite da última sexta-feira até a madrugada desta segunda (17), cinco pessoas foram assassinadas na cidade, sendo três executadas sumariamente em uma residência no Bairro São Sebastião, Zona Leste, onde funcionaria uma suposta boca de fumo. Um quarto ocupante do imóvel, um adolescente, 16, só sobreviveu porque fingiu estar morto. Ele permanece internado em estado grave. Poucas horas depois, outro jovem, 20, foi morto com um tiro na cabeça durante festa de aniversário no Bom Jardim, também na Região Leste. Na madrugada de segunda, um homem, 34, foi encontrado sem vida com perfurações na região do pescoço e cabeça na Vila Esperança II, Zona Norte. No mesmo bairro, na noite de domingo, um jovem de 18 anos foi baleado, mas permanece internado em estado grave. Com esses casos, em menos de três meses deste ano, já chega a 42 o número de homicídios em Juiz de Fora, índice maior do que o registrado em todo o ano de 2009, quando foram contabilizados 39 assassinatos. Em todo o ano passado, foram 139 mortes violentas. O número deste início de ano quase se equipara ao de Uberlândia, cidade com mais de 700 mil habitantes no Triângulo Mineiro, onde, até esta segunda-feira, haviam sido registrados 48 homicídios.
A gravidade do cenário atual levou as polícias a anunciarem ontem alterações nas ações. "Chegou em um nível que é preciso mudar de estratégia. Conversei com o juiz do Tribunal do Júri e também estive reunida com o pessoal operacional da Polícia Civil e com a inteligência da Polícia Militar. Concluímos que é preciso alterar as estratégias: vai haver mais repressão, e as mudanças serão imediatas na área de investigação", anunciou a delegada regional de Polícia Civil, Sheila Oliveira.
Em nota, a assessoria organizacional da 4ª Região da Polícia Militar (4ªRPM) informou que a PM vem acompanhando "com a atenção devida todos os fatos ocorridos nos primeiros meses do ano, que requereram a intervenção da instituição e adotando, de maneira constante, as ações que têm por objetivo minorar tais eventos". Segundo a PM, gangues da cidade vêm sendo monitoradas pelo serviço de inteligência da instituição. A partir da identificação dos integrantes, a PM desencadeia operações para que os suspeitos sejam presos.

Afronta às ações policiais
Além das cinco mortes na cidade, foram seis registros de tentativas de homicídios em bairros distintos, com cinco feridos. Três ficaram em estado grave e estão em unidades intensivas do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus. Ainda durante o fim de semana, houve novo enfrentamento à PM, o que tem se tornado mais frequente, principalmente no último mês. A última afronta aconteceu no Bairro Milho Branco, Zona Norte, quando uma viatura da corporação foi verificar a denúncia de uma briga generalizada. Ao se aproximar de um grupo em um Fiat Tipo, um dos homens pegou uma arma e tentou fugir, atirando contra um dos militares, que revidou.
Na semana passada, dois jovens, de 19 e 20 anos, furaram um bloqueio policial e ainda dispararam contra os policiais na Avenida Presidente Costa e Silva, no São Pedro, Cidade Alta. Militares, que não chegaram a ser alvejados, revidaram os tiros e conseguiram prender a dupla. Mas após a prisão, houve ameaça de ataque à unidade da 99ª Companhia da PM. No dia 24 de fevereiro, militares foram recebidos com hostilidade na Vila Esperança II. Três dias antes, a corporação já havia sido atacada com paus, pedras e tiros e precisou usar bomba de efeito moral, munições de borracha e bastões para conter a agressividade de moradores da Vila Bejani, Zona Norte.
Também em nota, a PM esclareceu que "os enfrentamentos às ações da Polícia Militar denotam que os policiais estão agindo com o rigor que a situação exige, dentro do estrito cumprimento às normas legais, e não vão esmorecer para manter a paz social". A corporação afirmou ainda que ataques semelhantes contra as polícias "são executados em outros Estados da Federação. Pessoas moradoras de Juiz de Fora, que, talvez por imitação, tentam praticar tais atos, mas a Polícia Militar está pronta para dar as respostas necessárias, tendo realizado as prisões dos autores, sem que tenham sido registradas mortes em ambos os lados."
Na última sexta-feira, outra ocorrência chamou a atenção, quando moradores dos bairros Vila Esperança I e II, na Zona Norte, se enfrentaram. Como nos grandes centros, um carro foi incendiado, tiros disparados e pelo menos quatro pessoas ficaram feridas, uma delas baleada no pé. A ocorrência deixou moradores acuados. As apreensões feitas pela polícia no último fim de semana mostram que os criminosos estão cada vez mais armados. Também na sexta-feira, policiais apreenderam coquetéis molotovs e bombas caseiras com alto poder de destruição, que seriam utilizadas em briga de gangues rivais na Cidade Nova, na Zona Sul.

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