terça-feira, 8 de abril de 2014

Mapa da violência em JF

Pesquisa mostra que 45% das mortes se deram por dívidas, desentendimentos, acertos de conta, crimes passionais e acidental

Por Marcos Araújo
Conhecer as causas da violência em Juiz de Fora e traçar metas para enfrentá-la são os maiores desafios das autoridades. Um dos objetivos para driblar essa dificuldade é a conclusão do Mapa da Violência 2013 realizado pelo Laboratório de Estudos sobre a Violência, sediado no Centro de Pesquisas Sociais (CPS) da UFJF. Os dados do mapa foram divulgados nesta segunda-feira (7), durante apresentação na Câmara Municipal, pelo consultor técnico e integrante do laboratório, jornalista Jorge Sanglard. O laboratório foi criado como consequência do seminário "Violência urbana em Juiz de Fora: o que deve ser feito?", promovido em março do ano passado pelo Legislativo municipal em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/JF), Prefeitura, Instituto Vianna Júnior e UFJF. O estudo apontou que, em 2013, o registro de mortes violentas na cidade teve um aumento de 40%. O número saltou de 99, em 2012, para 139, no ano passado. Sobre as causas dos assassinatos, o mapa revelou que 45% das mortes foram motivadas por dívidas, desentendimentos, acertos de conta, crimes passionais e acidental, sendo que, deste grupo, oito casos têm o tráfico de drogas como pano de fundo.
No que diz respeito às vítimas, o estudo mostra que 33% delas tinham entre 25 a 35 anos e que 91% eram do sexo masculino. A região que concentrou o maior volume de homicídios foi a Zona Norte, com 30% das mortes violentas. As armas de fogo estavam presentes em 77% dos registros de 2013. Do total de crimes, 69 suspeitos foram identificados e 19 deles foram presos. Dos identificados, 41 eram jovens de 15 a 24 anos. O mapeamento também mostrou que 91 dos homicídios foram cometidos por apenas uma pessoa. Trinta e oito casos foram cometidos por uma dupla e dez por um grupo de três ou mais autores (ver arte).
O Mapa da Violência surgiu da análise dos Registros de Eventos de Defesa Social (Reds), do trabalho de pesquisa da editoria de Geral da Tribuna e do trabalho da Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal, presidida por Wanderson Castelar (PT). Todas as informações foram filtradas pelo Centro de Pesquisas Sociais da UFJF, que codificou cada assassinato, mapeando os homicídios por região, idade e sexo das vítimas e apontando quais as zonas quentes de Juiz de fora no que se refere a essa modalidade criminosa. De acordo com o jornalista e consultor Jorge Sanglard, que vem atuando no laboratório desde a sua criação, o objetivo desse mapeamento é dar subsídios às autoridades municipais e de segurança pública para o combate à criminalidade.
Como ele aponta, a participação dos adolescentes e dos jovens nesses assassinatos, que chama a atenção no mapa, está ligada à falta de investimento social nas comunidades onde eles estão inseridos. "É possível aferir que o fim de alguns projetos sociais pode ajudar a explicar por que há tantos jovens envolvidos nos crimes. Muitos desses projetos deixaram de existir em transições de mandatos municipais. Não é normal que um município do porte de Juiz de Fora, que tinha números muitos baixos, agora conviva com essa escalada da violência, que se tornou aguda a partir de setembro de 2012", pondera o jornalista, acrescentando que atualmente alguns projetos sociais estão sendo iniciados, outros retomados e há aqueles ainda em fase de discussão.

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