sábado, 12 de abril de 2014

MP denuncia 41 pessoas envolvidas com o PCC no Triângulo Mineiro



O Ministério Público denunciou, ontem (11), 41 suspeitos de envolvimento com a facção criminosa conhecida como Primeiro Comando da Capital (PCC). Desses nomes, quatro são mulheres, e todos estão sendo acusados de participar de vários crimes, como furto e roubo de veículo e comércio de residências na cidade e na zona rural. Crimes como tráfico, associação e receptação de drogas, furto qualificado, explosão de caixas eletrônicos, formação de quadrilha e bando armado, envolvimento com corrupção de menor e tortura também foram citados.
O inquérito que apurou os nomes dos envolvidos começou em maio de 2013 e, a partir de informações recebidas pelo 1º Departamento de Polícia Civil de Uberaba, oriundas do Grupo de Combate às Organizações Criminosas – GCOC/PCMG/MP, composto pela Superintendência de Investigações, Polícia Judiciária (Polícia Civil) e Ministério Público de Minas Gerais, através ainda da Operação Alerta, foi possível obter números de telefones que eram usados pelos integrantes do PCC, com atuação nas cidades de Uberaba, Conceição das Alagoas e outros municípios da região.
Segundo o Ministério Público, durante a apuração dos fatos, foram realizadas interceptações telefônicas nos aparelhos celulares de propriedade e uso dos envolvidos e, conforme o andamento, outros números iam se associando às investigações e todos sendo monitorados diariamente, o que possibilitou a associação à facção paulista.
A quadrilha funcionava em esquema de hierarquia, com atribuição de funções para cada membro. O representante do MP disse que a organização possui o seu comando instalado no Estado de São Paulo e a coordenação em Uberaba está instalada dentro da Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, onde os membros se comunicam através de celulares levados clandestinamente.
Ainda segundo o MP, mesmo com as prisões de integrantes de outra organização conhecida como Família AF e a transferência de outros detentos para presídios distantes, a ação permaneceu ativa e, com isso, os negócios ilícitos continuaram causando o enriquecimento dos envolvidos. Dentre as funções, o MP mostra algumas: a primeira é chamada de “Sintonia Final”, que é o cargo mais alto e que determina as políticas do PCC. Outras como “Geral do estado”, “Geral do sistema”, “Salveiro”, “Geral feminina” conhecida também como “Pocahontas”, foram citadas como funções importantes do PCC.
Diante das apurações, foi observado que, dentro da estrutura, existem pelo menos dois responsáveis para cada função. Além de tudo, existem os cargos chamados de “Estágio”, que são funções mais discretas, mas que servem para atingir os mais altos dentro da organização. O trabalho de adolescentes também foi destacado. Os menores atuam como informantes e ainda como apoio financeiro aos demais criminosos. Para serem promovidos, eles são submetidos a uma criteriosa avaliação de outros membros e são acompanhados por “padrinhos”, que acompanham todos os passos.
O MP citou que os integrantes atuavam com maior concentração no bairro Alfredo Freire, são conhecidos como Família AF e usam do poder para impor as ordens. A principal fonte de renda desse grupo, conforme a denúncia, é o tráfico de drogas, ficando “evidenciada a participação de todos os membros do PCC nesta modalidade criminosa”. O planejamento de diversos crimes, como explosão e arrombamento de caixas eletrônicos em Uberaba e em toda a região, também foi incluído nas denúncias. Outro ponto era a realização de festas que visavam atrair mais pessoas e, com isso, conquistar o apoio de outros.
Prisões - Durante a “Operação Alerta”, foram decretadas prisões temporárias dos investigados, busca e apreensão de bens e documentos relacionados aos crimes, bem como duas contas bancárias que eram utilizadas para guardar os frutos das práticas criminosas.
Segundo extratos financeiros, depósitos e saques feitos mediante emissão de cheques em valores que chegavam a R$ 50 mil foram descobertos. “Lojas” de revenda de drogas também estão espalhadas por todo o Estado e todas prestam contas à organização.
Mesmo reclusos em penitenciárias espalhadas por todo o Estado de Minas Gerais, os integrantes deveriam se manter sintonizados, mas não era o que acontecia. O MP citou que a “falta de sintonia também é representada pelo fato de o membro da organização não estar se portando como determinam as ordens (salves) dos superiores hierárquicos”. E foi exatamente a falta de sintonia que levou dois membros a serem torturados pelo grupo, como forma de castigo.
Já na agenda de telefones encontrados, foi possível confirmar que os membros de relacionavam. Números de Uberaba, Belo Horizonte, Governador Valadares, Passos, Arcos, Francisco de Sá, e ainda Estados como Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia, Amazonas, Rio Grande do Norte e, claro, São Paulo foram encontrados. “A articulação dos membros investigados com membros de outros Estados demonstra a ramificação da organização criminosa, que possui representação a nível nacional”, observou o MP.
De acordo com o MP, durante as investigações, foram reconhecidas 36 pessoas com envolvimento com a facção. Os demais foram apontados durante a análise do inquérito. “A organização é muito maior, mas, até o momento, foram apontadas apenas essas 41 pessoas. Evidente que exista a ramificação por todo o país e o comando em São Paulo”, declarou o MP.
Diante disso, o promotor Laércio Conceição denunciou os 41 envolvidos pelos crimes descritos e serão analisados pela Justiça, que julgará os crimes apontados.

Fonte: http://www.jornaldeuberaba.com.br/cadernos/justica/11706/mp-denuncia-41-pessoas-envolvidas-com-o-pcc

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