Atentado contra promotor em MG é 'agressão ao estado', diz secretário
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Julianno Aparecido de Oliveira é suspeito de tentar
matar o promotor Marcos Vinícius Ribeiro Cunha
(Foto: Tábata Poline/G1) | | |
A Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais (Seds) encara como uma
"agressão ao estado" a tentativa de homicídio sofrida pelo promotor de
Justiça Marcos Vinícius Ribeiro Cunha, noite de sábado (21), em Monte
Carmelo, no Alto Paranaíba. Ele foi baleado quando saía de carro da sede
da promotoria, onde trabalhava de plantão.
Segundo a Polícia Militar, um motociclista se aproximou e atirou 15
vezes na traseira do veículo. O promotor sofreu perfurações no pulmão e
nos rins. Ele está internado no Centro de Tratamento Intensivo do
Hospital Santa Clara, em Uberlândia, no Triângulo Mineiro.
O secretário de estado de defesa social, Bernardo Santana, disse que,
graças a uma força-tarefa entre polícias Militar e Civil, além do
Ministério Público, dois suspeitos foram presos em menos de 24 horas
depois do crime.
"Essa agressão é encarada como uma agressão ao estado. Esse ato e essa
determinação de todos, que só é possível com uma ação conjunta, visa
também coibir e dar um recado muito claro de que o estado de Minas
Gerais não admite na sua luta pela segurança, na sua luta pela busca da
legalidade, a agressão às forças envolvidas nos nossos sistemas de
defesa social", disse o secretário.
Um dos suspeitos do atentado, Julianno Aparecido de Oliveira, de 22 anos, foi apresentado pela polícia em Belo Horizonte, nesta segunda. Ele é filho do ex-vereador de Monte Carmelo,
Valdelei José de Oliveira, de 49 anos, preso em 2013 por falsificar uma
licitação quando era presidente da câmara da cidade. As denúncias
haviam sido levantas pelo promotor Marcos Vinícius Ribeiro
Cunha.Valdelei também está preso, suspeito de participação na tentativa
de homicídio.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Wilton José Fernandes, Julianno confessou ter atirado na vítima.
"Já havia uma suspeita com relação a esse indivíduo. Possivelmente, ele
estava ameçando o promotor anteriormente devido às ações movidas pelo
Ministério Público contra o pai do acusado em 2013. A participação do
ex-vereador ainda precisa ser esclarecida. O inquérito prossegue e as
investigações continuam para esclarecer a situação”, disse o delegado.
Ainda de acordo com Wilton José Fernandes, o suspeito retorna ainda
nesta segunda-feira a Monte Carmelo, local onde o pai dele está detido.
Entenda o caso
O crime ocorreu por volta das 20h deste sábado em frente à sede da
Promotoria, onde Marcos Vinícius Ribeiro Cunha trabalhava no plantão.
Segundo informações da PM, ele saía do local quando um motociclista se
aproximou e efetuou 15 disparos na traseira do veículo dele. Três
atingiram as costas do promotor, que teve perfurações no pulmão e rins. O
promotor ainda conseguiu sair do veículo quando possivelmente também
foi atingido.
A perícia foi feita, porém o laudo ainda não foi entregue ao delegado.
“Durante a madrugada deste domingo foram feitas várias diligências e
oitivas em comércios e prédios próximos para conseguir informações e
imagens de videomonitoramento. As imagens verificadas apontaram o
suspeito”, revelou.
Suspeitos
O suspeito é o filho de um ex-vereador de Monte Carmelo, Julianno
Aparecido de Oliveira, de 22 anos. A polícia foi até a residência dele,
em Romaria, e realizou buscas. Foram encontradas a motocicleta e uma
pistola calibre 32. O jovem foi detido.
Ainda durante a madrugada de domingo, o ex-vereador e pai do suspeito,
Valdelei José de Oliveira, de 49 anos, apresentou-se e negou
participação do filho no crime. Segundo a polícia, ele é o principal
interessado na morte do promotor. O ex-vereador também foi detido.
Inicialmente, em depoimento, eles negaram envolvimento no crime.
“Oitivas, provas periciais e outros elementos no local nos dão convicção
de que foram eles”, afrimou o delegado.
Nota da Procuradoria Geral da República
O Ministério Público da União (MPU) divulgou nota em que manifesta
consternação com o atentado sofrido pelo promotor de Justiça. O
procurador geral da República, Rodrigo Janot, orientou dois procuradores
da República sediados em Uberlândia a prestarem todo apoio
institucional.
"Com base nas informações policiais iniciais, o episódio demonstra como
os agentes públicos que se dedicam ao combate à corrupção e desvios de
dinheiro da população estão vulneráveis às reações violentas de pessoas
que são flagradas cometendo crimes, seja no âmbito municipal, estadual
ou federal", diz a nota.
Fonte: G1