Além da carência de agentes, há necessidade de reestruturar trabalho das delegacias
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Delegada Regional, Sheila Oliveira, e chefe
do 4º Departamento da Polícia Civil, José Walter Matos, que visitaram
ontem a Tribuna, apostam na convocação de mais investigadores para a
região |
“Precisamos de material humano, essa é nossa principal carência”,
afirmou ontem o chefe do 4ª Departamento de Polícia Civil, José Walter
da Mota Matos, ao admitir, ao lado da delegada Regional, Sheila
Oliveira, o déficit de 226 policiais civis em Juiz de Fora e a
necessidade de reestruturar a corporação, conforme já anunciado pelo
próprio novo Governo de Minas. Em visita às novas instalações da Tribuna
e à Rádio CBN-Juiz de Fora, no Estrela Sul, eles falaram da aposta na
nova chefia da Polícia Civil no estado: o delegado geral Wanderson Gomes
da Silva, com histórico de carreira “operacional”, foi escolhido pelo
governador Fernando Pimentel (PT) para liderar a corporação, ao lado de
Marcos Silva Luciano, nomeado como adjunto. A expectativa é de que boa
parte dos mil investigadores que já estão na Acadepol possa suprir a
demanda do cargo na cidade e região, que ainda carece de policiais em
todas as áreas, como escrivães, peritos e delegados.
“O quadro de investigadores vai ser renovado, e esse serviço de campo
é a base do nosso trabalho”, observou José Walter. “O Governo está
falando abertamente que quer reestruturar a polícia toda, então,
provavelmente, podem ser convocados até dois mil investigadores nesse
concurso”, observou Sheila, acrescentando o fato preocupante de que,
ainda em 2015, cerca de 30% do quadro atual de servidores da 1ª
Delegacia Regional devem se aposentar.
Delegacias distritais x especializadas
Questionada sobre rumores de que as delegacias distritais, divididas
por cada uma das sete regiões da cidade, iriam ser extintas e voltar a
dar lugar às delegacias especializadas, como já estão em funcionamento
as de Homicídios, Roubos e Antidrogas, a delegada Sheila ponderou:
“Mudanças vão ocorrer. A divisão como é hoje em Juiz de Fora foi
resolução conjunta entre a Seds (Secretaria de Estado de Defesa Social),
Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público e outros órgãos.
Algumas alterações devem ser feitas, mas o Governo ainda não se
pronunciou.”
O chefe do 4º Departamento avaliou que a proposta de integração entre
as forças de segurança pública, que surgiu junto com a setorização das
delegacias no Governo tucano, “só existiu no papel”. ” Para você
integrar, tem que partir do pressuposto de que as forças de segurança
são equânimes. Só, que, por exemplo, o efetivo da Polícia Militar é, no
mínimo, três vezes maior do que o da Polícia Civil, e nossa parte sempre
foi deficitária. Esse é o grande gargalo para fazer integração da
segurança pública.”
A principal preocupação de José Walter é retomar a qualidade do
serviço investigativo. “Com o retorno das especializadas, temos
condições de dedicar mais, não adianta só colocar metas. Nessa vivência,
sabemos que muitos detalhes de um crime surgem no decorrer da
investigação, o que demanda tempo.” Sheila fez coro: “O trabalho com as
delegacias especializadas rende muito mais frutos. Isso é óbvio, todas
as áreas do conhecimento estão se especializando. Não podemos
simplesmente lotear uma cidade, porque não conseguimos juntar os fatos
que acontecem e nem os modus operandi, porque não há tempo e nem
condições para isso.”
Segundo José Walter, reuniões em Belo Horizonte apontam que a Polícia
Civil vai voltar seu foco para a qualidade na investigação. “Vamos
continuar com as metas, mas elas serão diferenciadas, não preocupadas
com o aspecto quantitativo mas, principalmente, com o qualitativo”,
disse José Walter. “A Polícia Judiciária hoje trabalha muito com
apreensão, mas deveria trabalhar mais com inteligência, lavagem de
dinheiro, para tentar atingir os grandes financiadores do tráfico. A
Polícia Civil precisa estar mais estruturada para fazer o seu papel”,
completou. Além de “brigar” por mais policiais no município, ele
garantiu que vai interceder para que seja instalado o Posto de Perícia
Integrada (PPI) no Bairro Granbery este ano. “Também tenho que alocar
recursos nas regionais de Ubá, Leopoldina e Muriaé”, lembrou o chefe do
4º Departamento, que engloba 86 municípios na região.
Fonte:
Tribuna de Minas