Durante o motim que teve início neste sábado (6) no Presídio de
Governador Valadares, na região do Rio Doce, cinco detentos chegaram a
ser atirados do telhado da unidade por presos rebelados. A Secretaria de
Estado de Defesa Social (Seds) disse que os feridos não correm risco de
morte.
Os detentos que estavam em uma área de isolamento, o chamado seguro,
foram jogados de cima do prédio da unidade prisional entre 15h30 e 16h.
Mais cedo,
O TEMPO recebeu a denúncia de leitores de
que os rebelados estariam ameaçando de atirar os presos lá de cima caso
as reivindicações não fossem atendidas.
Pouco depois, a reportagem foi informada de que três detentos haviam
sido jogados e que os presos rebelados não estariam permitindo que o
Corpo de Bombeiros entrasse para socorrer. Apesar disso, a Seds informou
que todos os cinco foram socorridos para um hospital da cidade. Agentes
penitenciários da cidade divulgaram também uma foto de uma motocicleta
sendo incendiada do lado de fora do presídio, alegando que os autores
seriam familiares dos presos que abordaram um colega de trabalho no
local.
FOTO: WEB REPÓRTER |
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Leitores enviaram foto de moto sendo incendiada do lado de fora do presídio |
Ainda de acordo com a secretaria, até 14h havia notícia de apenas um
preso ferido sem gravidade numa das pernas. "Não há agentes de segurança
penitenciários feridos. Todos os acessos ao presídio estão bloqueados
pelas forças de segurança pública e as negociações continuam. Não há
constatação de mortes de outros presos por enquanto.
Por volta das 17h30, um grupo de cerca de 20 presos se entregaram às
forças policiais e serão transferidos. O cerco será mantido pela PM e
pelos agentes do sistema prisional e nenhuma ação será tomada antes da
manhã do domingo, também conforme a Seds.
Mais cedo, a pasta divulgou que o motim foi iniciado com a quebra das
grades das celas por presos dos blocos B e D, no início da manhã deste
sábado, quando começava o horário de visitas. Aproximadamente às 13h30,
os presos concordaram em abrir caminho para que o Corpo de Bombeiros
começasse a combater o fogo dentro do presídio.
Os rebelados estão também liberando aos poucos os visitantes que
permaneciam no interior da unidade. "Havia visitas num dos pátios (são
dois). A situação evoluiu para rebelião com a tomada de outros pavilhões
(são quatro) e da área administrativa que estão sendo destruídos pelos
rebelados", dizia a nota divulgada.
Armas foram retiradas
Ainda conforme a Seds, todas as armas existentes no presídio foram
retiradas do prédio e não há servidores da secretaria dentro das
muralhas. O Grupo de Intervenção Rápida (GIR) do próprio presídio e a
Polícia Militar estão no local. O Presídio de Governador Valadares
estava com aproximadamente 800 presos e tem capacidade para 290.
"Por volta das 12h, um preso aproximou-se e disse que haveria
disposição dos rebelados de negociar condições para o fim da rebelião. O
major Fausto, do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) da Polícia
Militar de Minas Gerais, está à frente das negociações no local", diz a
nota.
Quando eram 13h a parte externa da unidade prisional já estava repleta
de integrantes do GIR de Manhuaçu e Teófilo Otoni, além do Batalhão de
Choque da PM, que garantiu a contenção junto às muralhas. "Agentes do
Comando de Operações Especiais (Cope) do Sistema Prisional, sediados em
Belo Horizonte, estão a caminho para agir em caso de necessidade de
transferências de presos", afirma o texto.
Uma das reivindicações dos detentos era a presença de um juiz como
condição para eles continuares negociando o fim do movimento rebelde. No
início da tarde o juiz de Execuções Penais de Governador Valadares,
Tiago Counagno Cabral, chegou ao presídio. Ele prometeu aos rebelados
que analisaria a situação penal dos presos durante toda a tarde deste
sábado, caso eles acabassem com o quebra-quebra do presídio.
Fonte: O Tempo