segunda-feira, 6 de maio de 2013

Concurso público da PM é mantido mesmo após suspeitas de fraude

Capitão e ex-militar são suspeitos de fornecer gabarito de prova.
Fraude foi descoberta depois que candidato esqueceu celular na sala.

Michelly Oda Do G1 Grande Minas

Após a publicação da matéria do G1 Grande Minas sobre a susposta fraude do concurso da Polícia Militar de Minas Gerais, que ocorreu no dia 28 de abril, vários internautas se manifestaram questionando se as provas iriam ser anuladas. Centenas de comentários foram recebidos e o link foi compartilhado inúmeras vezes nas redes sociais.
Alguns comentários postados na reportagem são de pessoas que afirmam ter vindo de outros estados para fazerem a prova, como o candidato Edeuto Regino. "Sinto-me muito chateado e com um sentimento de impotência, pois estudei muito para esse concurso e sou do estado do Acre. Enfrentei muitas coisas para chegar até Minas Gerais."
Já o internauta Thiago Silva, caracteriza o episódio como "lastimável" e afirma ter saído Espírito Santo para fazer o concurso, "me dediquei ao máximo e perdi muitas horas de sono", diz. Ele ainda diz que o concurso deveria ser cancelado e a prova deveria ser reaplicada.
125 mil candidatos se inscreveram e a avaliação foi aplicada em Belo Horizonte e mais 15 cidades.
Novidades sobre o caso
Nesta quinta (2) a Polícia Militar de Minas Gerais divulgou uma nota de esclarecimento sobre o concurso público e também o gabarito da prova. No posicionamento, o orgão informa que tomou uma série de medidas preventivas contra possíveis fraudes, com destaque para a proibição do uso e porte de celulares e aparelhos eletrônicos, que acabou resultando na eliminação de 64 candidatos no interior. O número referente à capital ainda está sendo apurado.
Montes Clarosno Norte de Minas, aparece em destaque devido ao possível envolvimento de um capitão e de um ex-cabo no fornecimento do gabarito do exame, conforme noticiado pelo G1 Grande Minas. O concorrente à vaga, não teria conseguido pontuação mínima para a segunda fase do concurso, conforme ressalta a polícia.
"A situação se aproxima mais de um golpe praticado por oportunistas contra aqueles candidatos que acreditaram e foram iludidos por um favorecimento que nãos e concretizou", destaca a PM.
De acordo com a nota, a PM coloca-se como primeira interessada na lisura do concurso, "a fim de evitar o ingresso em seus quadros de pessoas sem qualificação ou de má indole". Devido a essa postura, o Comando determinou que as denúncias fossem apuradas com rigor. O Ministério Público foi acionado para acompanhar as investigações.
Após as suspostas fraudes, o gabarito que deveria ter sido divulgado no dia 29 de abril teve o prazo adiado para esta quinta-feira. (Confira o gabarito)
Visão de quem participou
Três candidatos do concurso, que não quiseram se identificar, concederam entrevista ao G1 e apontaram alguns problemas durante a realização das provas.
"Pelo edital tínhamos quatro horas para fazermos as provas, nas três primeiras faríamos a porva objetiva e na última, a redação. Mas o fiscal recolheu o caderno em que constava o tema e as explicações sobre a redação, quando deveria pegar o nosso gabarito", diz um deles.
Outro candidato, que afirma ter estudado oito meses para passar no exame, diz que gostaria que a prova fosse anulada. "Enquanto a gente se esforça, dedica, estuda, outras pessoas que não fazem o mesmo podem tomar nossa vaga simplesmente por terem pagado."
A vocação e a intenção de conseguir um emprego que ofereça estabilidade financeira foram os atratitos para que um dos candidatos tentasse o concurso. Mas durante a prova ele diz que ficou surpreso com a falta de organização. "O aplicador não sabia nos orientar, a impressão é de que ele estava apenas esperando fim da prova. Além disso não fomos revistados ao entrar na sala, somente quem ia no banheiro passava pelo detector de metais", afirma.
Entenda o caso

O ex-cabo da PM, José Carlos Eulálio ainda permanece foragido e o capitão Daílson da Silva Freitas continua preso. Ambos são suspeitos de uma fraude no concurso da PM. A fraude teria sido descoberta após um candidato ter deixado o celular na sala de exame, no qual havia 39 chamadas não atendidas no momento da realização do concurso.
Após levantamentos, os policias chegaram ao candidato Carlos Alves da Silva, de 27 anos, morador do bairro Alto da Boa Vista, que apontou o ex-cabo como fornecedor do gabarito. Durante a ação da polícia para prendê-lo, José Carlos Eulálio, conseguiu fugir, após uma troca de tiros. No carro dele, foram encontrados pontos eletrônicos e diversos celulares, além de documentos que faziam referência ao capitão da PM.
Na madrugada do mesmo dia, a juíza Maria Isabele Freire expediu mandados de busca e apreensão e de prisão e o militar foi preso em casa.

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