PM foi chamada três vezes a condomínio do 'Minha casa, minha vida', onde clima tenso impediu moradores de irem ao trabalho
Por Michele Meireles, Eduardo Valente e Guilherme Arêas
As cerca de 380 famílias que vivem no
Residencial Araucárias, no Bairro Sagrado Coração, na Zona Sul, viveram
momentos de pânico ontem por causa de brigas envolvendo grupos de
moradores do local contra habitantes do vizinho Vale Verde. Munidos de
pedras, pedaços de pau e armas brancas, os envolvidos se enfrentaram
dentro do condomínio. Com o clima tenso, vários trabalhadores não
tiveram condições de sair de casa por medo e faltaram às suas
atividades. A informação é de que os confrontos haviam começado na
véspera e se estenderam por várias horas, o que levou a Polícia Militar a
ir até o local por pelo menos três vezes.O residencial foi construído por meio dos programas "Prefeitura casa própria" e "Minha casa, minha vida". Assim como a situação no Araucárias, os enfrentamentos e a violência também acontecem em outros condomínios erguidos da mesma maneira em Juiz de Fora. A situação chegou a tal ponto que os beneficiários estão abrindo mão do imóvel próprio por medo da violência e do tráfico de drogas. Uma das explicações é que esses projetos reúnem, em um só lugar, pessoas oriundas de várias parte da cidade, que acabam não se reconhecendo como pertencentes ao novo local de moradia.
Ontem quase todo o efetivo da 32ª Companhia da Polícia Militar, responsável pela Zona Sul, precisou ser destacado para conter a rixa no Araucárias. Segundo a PM, os primeiros militares chegaram por volta das 9h, mas precisaram voltar outras duas vezes para acalmar os ânimos. "Os motivos são banais, ou sequer eles têm motivos. Os confrontos acontecem simplesmente por diferenças de bairros, aliados ao consumo de drogas", explicou o comandante da 32ª Cia, capitão Ricardo França.
Os beneficiários do "Minha casa, minha vida" relataram que as brigas começaram na noite de segunda, quando houve uma confusão generalizada. Por medo, os vigias que trabalhavam na guarita foram embora. "Quem não tem medo de morar aqui? Isso virou um Carandiru, está um inferno viver aqui", desabafou uma moradora. Outro condômino afirmou que, além das agressões, o tráfico de drogas é constante. "Nós que somos de bem, ficamos acuados, mas não tenho para onde ir."
O comandante da 32ª Cia destacou que as confusões no residencial são frequentes, e, na maioria das vezes, envolvem adolescentes. "O problema aqui é social. Existe uma ociosidade muito grande entre os menores, isso favorece a criminalidade como um todo. Aqui, infelizmente, quando virarmos as costas, vão arrumar briga de novo."
Por volta de 17h, os policiais deixaram o local. Assustadas, muitas pessoas ainda permaneciam do lado de fora de suas casas. Duas mulheres, 22 e 32 anos, um jovem de 18 e dois adolescentes de 17 foram conduzidos para a delegacia. A PM apreendeu uma faca, um revólver calibre 32 municiado e dois radiocomunicadores, que, segundo os militares, teriam sido furtados da guarita de segurança do residencial.
Com a necessidade do reforço policial no condomínio, o atendimento a ocorrências da área de responsabilidade da 32ª Cia teria ficado comprometido. Uma delas aconteceu na Rua Ibitiguaia, no Bairro Santa Luzia. Um homem, 52, tentou arrombar o depósito de uma loja de materiais de construção, usando uma barra de ferro. Populares conseguiram capturá-lo e o deixaram preso no local cerca de uma hora e meia até a chegada da PM. "Isso prejudica toda a cidade. Deixamos de atender vários chamados por estarmos empenhados no atendimento às rixas no residencial," concluiu capitão França.
Disputa por tráfico afasta moradores
Ainda na Zona Sul, o tráfico de drogas e a violência resultante dele têm levado sérios problemas a outros beneficiários dos programas "Prefeitura casa própria" e "Minha casa, minha vida", que chegam a abrir mão do tão sonhado imóvel próprio. Moradores do Vivendas Belo Vale I, no São Geraldo, estão preferindo se mudar e pagar aluguel fora do que continuar convivendo com traficantes dentro do condomínio. O conjunto de 32 sobrados, totalizando 128 unidades habitacionais, foi entregue em julho de 2011. O local deveria reunir a tranquilidade e a segurança de um residencial fechado, em um bairro considerado calmo pela polícia, mas o relato dos moradores é de que a situação chegou a tal ponto que há disputa pelo domínio da venda de drogas, especialmente o crack.Fonte: Tribuna
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