Agentes penitenciários e bombeiro feitos reféns foram agredidos.
Presos reivindicam melhores condições nas instalações do local.
Marcelo Honorato
G1 Triângulo Mineiro
Agente foi trocado por bombeiro e saiu ferido do local
(Foto: Reprodução/TV Integração)
Depois de 16 horas chegou ao fim na manhã deste domingo (26) a rebelião
no Presídio de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. Cerca de
250 detentos aproveitaram o horário de visitas
para render dois agentes penitenciários na tarde de sábado e os fizeram
reféns. Os dois foram torturados e um acabou sendo libertado e trocado
por um bombeiro, que entrou no complexo na tentativa de negociar com os
presos.
Nesta manhã, após 16 horas de negociação, todos os reféns foram
libertados e, como estavam com sinais de agressão, foram levados para o
pronto-socorro da cidade. Em seguida foi feita uma vistoria nas celas.
A rebelião
Tudo começou por volta das 15 horas de sábado, durante o horário de
visitas dos detentos. Segundo a Polícia Militar, os internos se
rebeleram por melhores condições nas instalações do presídio e chegaram a
pedir a presença de autoridades de segurança pública no local para que a
integridade física deles fosse garantida.
Dois agentes foram feitos reféns e, depois de quase de uma hora do
início da confusão, o primeiro foi libertado. Ele saiu ferido e teve que
ser carregado pelos colegas. A vítima foi levada para o pronto-socorro
em um ambulância do Corpo de Bombeiros. Mas uma das horas mais
dramáticas da rebelião foi a partir do momento que um militar dos
bombeiros, que ajudava no resgate, foi pego pelos presos e passou a ser
um dos reféns.
Além de mobilizar quase todo o efetivo em Ituiutaba, a polícia ainda
contou com a ajuda do Grupo de Ações Táticas, a Rotam e um helicóptero
da PM de Uberlândia. Por volta das 18h30, um representante dos Direitos
Humanos, o diretor do presídio e o presidente Regional da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB) chegaram ao local. Durante as negociações, os
rebelados chegaram a fazer novas exigências, a reclamar de superlotação e
pedir transferência para outras unidades.
Negociações duraram 16 horas (Foto:
Reprodução/TV Integração)
Do lado de fora do presídio, familiares ficaram à espera de noticias.
Enquanto isso, do alto da guarita um policial tentou acalmar os detentos
mais exaltados.
Mesmo com toda pressão, os detentos ainda coloram mais fogo nos
colchões. As chamas passavam por cima do muro do presídio e, por motivo
de segurança, os policias retiraram os veículos que estavam estacionados
em uma rua ao lado da unidade.
Com o clima tenso madrugada adentro, luz e água foram desligados. O
helicóptero sobrevoou o local a cada hora e as viaturas da polícia
acionaram as sirenes e em comboios passaram várias vezes em volta do
presídio.
Libertação
Para o fim da rebelião, os detentos também exigiram que a imprensa
acompanhasse a rendição e assim não ofereceram resistência, libertando
os dois reféns: o bombeiro e o agente penitenciário que tinha um
curativo na cabeça. Apesar do ferimento, a polícia disse que os reféns
não sofreram agressões violentas.
A rebelião durou mais 16 horas e os presos só libertaram os reféns na
presença de uma comissão formada por representantes dos Direitos
Humanos, da OAB e da Justiça. Antes de serem transferidos para outras
unidades da região, os detentos foram levados para a Escola Municipal
Hugo de Oliveira Carvalho, que fica a poucos metros do presídio. Agora
será decidido quantos presos e para onde serão levados.
Prejuízos
Neste domingo, quando o dia amanheceu ficou o resultado da rebelião:
cacos de telhas espalhados numa rua ao lado da do presídio e vizinhança
assustada. Durante a confusão, os detentos destruíram boa parte do
telhado, além das instalações elétricas e hidráulicas. O diretor do
presídio, Adanil Firmino da Silva, disse que algumas celas não terão
condições de receber detentos e que vários presos serão transferidos
para outras cidades da região.