terça-feira, 11 de setembro de 2012

Polícia faz buscas por outro jovem desaparecido na Favela da Chatuba

Traficantes da comunidade são suspeitos das mortes de oito pessoas no fim de semana

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José Aldeci da Silva mostra a carteira de trabalho do filho que está desaparecido desde o último sábado
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo
José Aldeci da Silva mostra a carteira de trabalho do filho que está desaparecido desde o último sábado Gabriel de Paiva / O Globo
RIO - Policiais militares e o pai de José Aldeci da Silva Júnior, de 19 anos, que também desapareceu no último sábado no Parque Municipal de Nilópolis, na Baixada Fluminense, onde seis jovens teriam sido capturados e mortos por traficantes, estão fazendo buscas pelo corpo do jovem na Favela da Chatuba, em Mesquita. No início da manhã desta terça-feira, Jose Aldeci da Silva, de 44 anos, pediu ajuda aos policiais para tentar localizar o corpo do filho que estaria enterrado em um cemitério clandestino na localidade conhecida como Bicão, na cachoeira. O pai contou que o filho havia saído de casa na manhã de sábado para passear com os pássaros e nunca mais foi visto.
Segundo José Aldeci, a mãe procurou um traficante da região no domingo e recebeu a seguinte resposta: "Tia vou ser sincero. O foca enterrou ele na mata".
Ainda de acordo com o pai do jovem, José Aldeci Júnior não tinha antecedentes criminais. Ele trabalhava em um depósito de tecidos em Campo Grande, na Zona Oeste. Antes de sair de casa, o filho disse que retornaria mais tarde para montar o berço de sua filha Mayara, que já está para nascer.
— Eu só quero o corpo do meu filho para enterrá-lo. Moro aqui desde 1986 e antes não era assim. Isso piorou muito quando os traficantes lá do Rio vieram para cá — lamentou José Aldeci, que também tem outros três filhos, uma adolescente de 16 anos, e outros dois meninos de 12 e 5 anos.
Ele acredita que o filho tenha sido morto por vingança, porque quando criança brigou com um garoto que posteriormente iniciou a vida no tráfico.
Policiais do Bope e de Choque ocupam a favela da Chatuba
Centenas de policias do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque da Polícia Militar ocuparam na madrugada desta terça-feira a favela da Chatuba, em Mesquita, com o apoio de fuzileiros navais. Parte do efetivo foi levada para a comunidade dentro de quatro blindados dos fuzileiros, que já deixaram a favela.
O relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, informou que a ocupação da Chatuba é definitiva. A PM começa hoje a instalar uma companhia integrada com 112 policiais. A sede será na localidade do curral, na parte da favela que fica no município de Mesquita - a Chatuba se estende também para Nilópolis. O local é considerado um ponto estratégico por estar próximo da parte alta da comunidade e do acesso à mata. A área, até então, vinha sendo usada como ponto de observação pelos traficantes de drogas. Enquanto as obras da sede da companhia não são concluídas, a PM vai instalar contêineres provisoriamente.
As tropas se concentraram no fim da noite de segunda-feira no quartel do Corpo de Bombeiros de Guadalupe, de onde seguiu em comboio até a favela. Por enquanto, a PM ainda não divulgou detalhes da operação e não foram ouvidos sinais de disparos na chegada da polícia.Traficantes da Chatuba, em Mesquita, são suspeitos das mortes de pelo menos oito pessoas no fim de semana, incluindo um grupo de seis jovens, entre 16 e 19 anos, sem antecedentes criminais. Eles desapareceram no sábado, quando foram tomar banho em uma cachoeira da região e os corpos foram encontrados na segunda-feira às margens da Via Dutra, com marcas de tiros, facadas e torturas.
Policiais prenderam Luiz Alberto Ferreira de Oliveira, de 29 anos, mas a PM não tem informações se ele participou da chacina. Os policiais foram até a casa de Luiz Alberto, na Travessa Paulo Jorge 36, para checar uma informação do disque-denúncia de que havia drogas e armas no local. Ele só permitiu a entrada da polícia com a chegada do advogado. Na casa foram apreendidos R$ 15.099 escondidos em uma lancheira infantil e 20 gramas de cocaína. Segundo os PMs, Luiz Alberto teria dito que a droga seria para consumo próprio, mas na casa havia indícios de que o local servia para o tráfico, já que foram encontrados dezenas de elásticos de dinheiro e saquinhos plásticos cortados normalmente usados para embalar sacolés de cocaína. Segundo a polícia, Luiz Alberto estava em liberdade há apenas uma semana. Ele ficou preso 27 dia depois de ter sido encontrado com munição de uso restrito.
No final da madrugada foram detidos também Ricardo Sales da Silva, de 25 anos, e Mônica da Silva Francisco, de 20 anos. Com eles, os policiais encontraram 933 papelotes de cocaína e 41 pedras de crack, além de R$ 15 mil em espécie. As embalagens de drogas eram ilustradas com fotografias do jogador holandês Seedorf, no caso do crack, e da cantora inglesa Amy Winehouse, nos papelotes de cocaína. Outras quatro pessoas também foram detidas.
Segundo o coronel Caldas, 250 policiais participam da operação. Além do Batalhão de Choque e do Bope, foram mobilizados homens da Companhia de Cães, da Coordenadoria de Inteligência da PM e da 3ª Companhia de Policiamento Aéreo. Os efetivos ficarão na comunidade por tempo indeterminado para fazer varreduras em busca de armas e drogas.
Por volta das 7h, dois helicópteros da PM chegaram para dar apoio aéreo à incursão. O relações públicas da PM contou que o planejamento da ocupação da Chatuba foi feito em 24 horas, o que mostra a capacidade de mobilidade da polícia bem como articulação de outros órgãos como os fuzileiros navais. A PM tem monitorado toda a movimentação dos traficantes.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/policia-faz-buscas-por-outro-jovem-desaparecido-na-favela-da-chatuba-6050376#ixzz26ASFo4wo

FONTE: O GLOBO

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