quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Polícia investiga pastor por suspeita de integrar pirâmide

Até a tarde de ontem, cerca de 150 supostas vítimas procuraram a delegacia de Santa Terezinha para denunciar prejuízos

Por Eduardo Valente
A Polícia Civil de Juiz de Fora investiga a participação de um pastor evangélico na suposta pirâmide financeira conhecida como Mister Colibri. De acordo com a delegada responsável pelo caso, Mariana Veiga, da 7ª Delegacia Distrital, o religioso é sócio majoritário da revendedora de veículos que seria ligada ao grupo Dream Team Brasil, representante da Colibri na cidade, e já investigada pela mesma delegacia. Além dele, a polícia agora apura a participação de uma financeira, que também teria envolvimento com o grupo. Durante os trabalhos de busca e apreensão realizados na segunda-feira em três endereços, a delegada já havia encontrado material publicitário da financeira no escritório da Dream Team, na Rua Barbosa Lima. Ontem, uma vítima procurou a polícia e, em seu depoimento, reforçou a suspeita.
Conforme Mariana, esta pessoa investe há mais tempo na Mister Colibri e, por isso, chegou a receber alguns pagamentos. "Algumas vezes, a entrega do dinheiro era feita na financeira. Ela conta que viu, no local, pessoas pegando empréstimos no valor de até R$ 12 mil e assinando notas promissórias. Este dinheiro seria aplicado na Mister Colibri", disse a delegada. Segundo o site registro.br, que coordena o cadastro na internet no Brasil, o endereço eletrônico da financeira está registrado no nome e no CPF do principal suspeito de aplicar o suposto golpe na cidade. O depoimento dele está marcado para hoje na delegacia de Santa Terezinha. Já o pastor investigado foi ouvido na última segunda-feira. Contra ele, pesa também um boletim de ocorrência, registrado dia 5 de setembro, por uma provável vítima do golpe, que o acusa de ameaça.
Mais vítimas
Desde terça-feira e até o fim da tarde de ontem, cerca de 150 pessoas procuraram a delegacia de Polícia Civil afirmando terem sido vítimas da Mister Colibri. Destas, aproximadamente 40 já prestaram depoimento. Uma delas é um funcionário público, 56 anos. Ele conta que investiu R$ 2.650 e teria recuperado apenas R$ 1.000. "Entrei em março e, até maio, recebia cerca de R$ 200 por semana. Cansei de ir até o escritório e cobrar o restante do dinheiro. Diziam que pagariam após agendamento prévio, mas não tinha data disponível até o fim do ano. Este valor investido eu tirei da minha poupança. Na palestra, prometeram que eu seria remunerado apenas assistindo vídeos. De tanto insistir, bloquearam minha senha no sistema da Mister Colibri."
Além das pessoas que procuram a delegacia, a Tribuna continua recebendo ligações de supostas vítimas em outras partes do país. Ontem, duas delas, que dizem morar em João Monlevade, telefonaram para informar que não estavam recebendo o valor investido.
Reforços
A 7ª Delegacia Distrital, responsável pela investigação, vai receber reforços ainda esta semana. O responsável pela 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Paulo Sérgio Virtuoso, e o chefe de departamento da 4ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), Rogério de Melo Franco, designaram investigadores de outras distritais para auxiliar nos trabalhos.

PF pede auxílio em Brasília

Enquanto a Polícia Civil concentra os trabalhos de investigação no escritório que representaria a Mister Colibri em Juiz de Fora, a delegacia de Polícia Federal da cidade trabalha com o objetivo de identificar a ação do grupo em todo o país. Conforme o delegado Humberto Brandão, a instituição já pediu informações ao Conselho de controle de atividades financeiras (Coaf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda e ao Banco Central, com sede em Brasília.
Brandão explica que o Coaf é a inteligência financeira no Brasil. "Eles agem com objetivo de combater a lavagem de dinheiro em setores da economia considerados suspeitos, como financeiras, galerias de artes, revendedoras de veículos e imobiliárias. Fizemos esta solicitação há cerca de duas semanas e teremos respostas nos próximos dias. A partir do levantamento, vamos saber quais foram as transações financeiras exercidas pelas empresas ligadas ao Mister Colibri, não apenas em Juiz de Fora, como também em Fortaleza (CE), onde está a sede ", afirma Brandão.
Hoje o delegado da Polícia Federal e a delegada Mariana Veiga, da 7ª Delegacia Distrital da Polícia Civil, se encontram com o objetivo de avaliar a situação para concentrar os trabalhos de investigação. As duas polícias têm o apoio do Ministério Público Estadual.

Fonte: Tribuna
Foto: Google

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