terça-feira, 11 de setembro de 2012

Professores voltam às aulas nesta quarta-feira

Atividades serão normalizadas na UFJF, no João XXIII e no IF Sudeste; calendário de reposição ainda não está definido

Por Renato Salles
As aulas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), do Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste) e do Colégio de Aplicação João XIII serão retomadas a partir desta quarta-feira (12), depois de quase quatro meses de paralisação. Nesta segunda-feira (10), em assembleia realizada no anfiteatro do Instituto de Ciências Humanas (ICH) da UFJF, os professores da rede federal aprovaram por ampla maioria a suspensão da greve da categoria e definiram a data para que todas as atividades docentes sejam retomadas. "Tudo será normalizado na quarta-feira, quando os professores retornarão para as salas de aula e laboratórios, dando continuidade aos trabalhos de ensino, pesquisa e extensão", explica Paulo César de Souza Ignácio, vice-presidente da Associação dos Professores de Ensino Superior de Juiz de Fora (Apes).

Com a retomada das aulas, o Conselho Setorial de Graduação (Congrad) da UFJF já se mobiliza para deliberar sobre o novo planejamento do calendário eletivo. Segundo o pró-reitor de Graduação e presidente do Congrad, Eduardo Magrone, os membros do conselho deverão ser convocados para uma reunião na quinta-feira, que poderá definir as novas datas. A previsão é de que o primeiro período letivo termine no final de outubro, e o segundo se inicie em meados de novembro, encerrando-se no fim de março de 2013. A expectativa é de recessos aconteçam entre um semestre letivo e outro, e também entre o Natal e o Ano Novo.

As aulas foram suspensas com a deflagração da greve dos professores no dia 21 de maio. O movimento completa na terça 114 dias, o que corresponde a maior paralisação da história da instituição, segundo a Apes. O retorno às atividades, todavia, não significa o fim da mobilização dos docentes na luta por uma reestruturação de seus planos de carreira. "A partir de semana que vem, será convocada uma comissão local de mobilização para dar sequência à luta por mudanças estruturais na carreira dos professores federais, à discussão da pauta local e para acompanhar a tramitação do projeto de lei enviado pelo Governo à Câmara", explica Paulo Ignácio.

Categoria contrariou orientação nacional

A deliberação da categoria contrariou a orientação dos dirigentes nacionais, que sinalizaram pela continuidade da greve, em nota publicada no último domingo. Apesar do desencontro, a Apes interpreta que a decisão segue o entendimento de "suspensão unificada da greve nacional" aprovada na assembleia da semana passada. Segundo Paulo Ignácio, "a maioria deliberou por isso nas assembleias regionais e determinou um marco temporal, entre os dias 10 e 17, para a suspensão do movimento."
A decisão pela suspensão do movimento paredista, entretanto, não aconteceu por um entendimento entre grevistas e Governo, mas por conta de uma avaliação política feita pelos professores. "Não falamos em ganhos ou perdas, vitória ou derrota. Analisamos o saldo da greve. Para quem tinha perspectivas zero de recomposição das perdas salariais dos últimos anos; uma carreira com 17 níveis que foram reduzidos para 13; e várias barreiras para a progressão, podemos avaliar que existiram alguns ganhos. Por outro lado, o saldo político é maior. Fortalecemos o sindicato, a categoria e a greve como ferramenta de luta. O Governo sempre afirmou que não negociaria com servidores em greve. Conseguimos desconstruir isso e melhorar alguns pontos da carreira", avalia o vice-presidente da Apes.
Apesar do balanço do comando local apontar alguns aspectos positivos da negociação com o Governo, a categoria rechaçou a forma como as conversas foram conduzidas. No último dia 31, o Executivo enviou à Câmara o projeto que oficializa o acordo assinado com a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições de Ensino Superior (Proifes), que prevê reajustes entre 25% e 40%, diluídos nos próximos três anos. Os professores avaliam que o Proifes não teria representatividade para defender seus interesses. Com maior influência, as assembleias do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe) rejeitaram a proposta governista e se esforçaram pela reabertura das discussões, o que não aconteceu.

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