sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Governo federal não repassa verba para presídios em Minas

Cerca de 14 mil condenados esperam vagas em presídios no Estado
Espera. Em Minas Gerais, 14 mil presos já condenados estão à espera de uma vaga em penitenciárias
Minas Gerais não recebeu nenhum centavo dos R$ 111 milhões anunciados no primeiro semestre deste ano pelo governo federal para o aperfeiçoamento do sistema penitenciário brasileiro. De acordo com o subsecretário de Administração Prisional do Estado, Murilo Andrade, o governo de Minas mantém a expectativa de receber parte desse montante - R$ 12 milhões -, até o fim do ano, para investimentos na área.

"Queremos que essa aprovação da verba aconteça o mais rápido possível para que possamos dar andamento aos projetos de construção de novas unidades prisionais e de ampliação das já existentes", diz Andrade, que ressalta que Minas ainda não considera que houve atrasos nos repasses, já que a liberação das verbas só deve acontecer mediante a aprovação dos projetos pela União, o que ainda não ocorreu.

As baixas transferências de recursos previstos no Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) têm gerado graves problemas na área, já que a responsabilidade de cuidar dos déficits do setor tem ficado a cargo, quase que exclusivamente, dos governos estaduais.
"A falta de investimentos tem sido suprida com fortes investimentos do governo de Minas. O orçamento da Subsecretaria de Administração Prisional, para 2013, é de R$ 800 milhões. Já a previsão de investimentos para os próximos dois anos está próxima de R$ 120 milhões", garante o subsecretário.

Apesar disso, os números do Estado não são nada animadores e acabaram sendo reforçados com a polêmica declaração no ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de que prefere a morte a estar preso em alguma penitenciária brasileira.

Déficit. Minas é o terceiro Estado que mais precisa criar vagas em penitenciárias, com defasagem de 14 mil lugares, segundo levantamento do site Contas Abertas a partir de dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O primeiro é São Paulo, com déficit de 74 mil vagas, seguido por Pernambuco, com 15,3 mil.

Outro dado diz respeito à demora por parte do Judiciário para julgar os crimes. Em todo o país, seis Estados têm mais da metade da população carcerária ainda aguardando julgamento, e Minas está entre eles, com 56,6% à espera de sentença.

"Minas Gerais criou 23 mil vagas nos últimos oito anos. No entanto, a população carcerária do Estado cresceu em um ritmo ainda mais acelerado", explica o subsecretário Andrade. Segundo ele, até o fim do ano, a secretaria vai entregar 2.500 novas vagas, com previsão de ampliação para 14.500 até 2015.
Insuficiente
União libera 35,8% do previsto
Brasília. O déficit no Sistema Penitenciário Brasileiro é de quase 200 mil vagas. Apesar disso, a maioria dos recursos disponíveis para melhorar o quadro não foi sequer empenhada.

Apenas 35,8% dos recursos previstos para o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) em 2012 foram reservados para futuros pagamentos. Os valores efetivamente pagos representam somente 20% ou R$ 86,5 milhões do total. Ao todo, R$ 435,3 milhões estão orçados para o fundo em 2012, de acordo com levantamento feito pelo site Contas Abertas.

O Funpen foi instituído em 1994 com a finalidade de proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as atividades e programas de modernização e aprimoramento do Sistema Penitenciário Brasileiro.

Os recursos, segundo a legislação, deveriam ser aplicados na construção, reforma, ampliação e aprimoramento de estabelecimentos penais, na manutenção dos serviços penitenciários e na especialização do serviço penitenciário.

Do montante total previsto para 2012, R$ 84,9 milhões (19,5%) estão embutidos no orçamento como "Reserva de Contingência". Esses recursos inflam o orçamento do Funpen, mas não são utilizados, pois ficam reservados para auxiliar na formação do superávit primário.

Além disso, existem diversas ações com execução orçamentária baixa. A "construção da quinta penitenciária federal", tem dotação de R$ 27,6 milhões, mas só foram empenhados R$ 21 mil.
Resposta
Cardozo promete R$ 1,1 bi para área
Brasília. Em viagem a trabalho para o Peru, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reafirmou que prefere "a morte a muito anos de prisão em alguns presídios brasileiro", mas destacou os investimentos do governo federal para solucionar a questão. Segundo ele, estão previstos para a ampliação do número de vagas prisionais cerca de R$ 1,1 bilhão. "O primeiro passo para solucionar um problema é jamais escondê-lo da população e não esconder o sol com a peneira", enfatizou Cardozo.

A oposição começa a aproveitar a declaração do ministro para atacar o Palácio do Planalto. Ontem, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disparou contra o governo petista. "O ministro reconheceu que (os petistas) estão há dez anos no governo e nada fizeram para mudar essa triste realidade do sistema carcerário", disse.

Freire ainda ironizou a situação dizendo que a condenação de petistas pelos crimes relacionados com o mensalão "vai forçar o governo a investir mais no sistema prisional". 
Fonte: O Tempo
 

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