sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Mais um líder do tráfico cai

Traficante Chim foi pego quando recebia 17kg de pasta base de cocaína, vindas do MS. Em dois dias, PF apreendeu quase 30kg do entorpecente na cidade

Por Sandra Zanella
Menos de 48 horas depois de a Polícia Federal apreender 10,5kg de cocaína pura na Cidade Alta, um carregamento com mais 17kg de pasta base da droga foi interceptado pelos policiais próximo ao Mirante da BR-040, em Juiz de Fora. A manobra, desencadeada no final da tarde de quarta-feira, culminou na prisão de Ademir Paulino de Lima, conhecido como Chim. Segundo o delegado chefe da PF, Cláudio Dornelas, ele seria o traficante responsável por abastecer as bocas de fumo da região da Olavo Costa e Furtado de Menezes, na Zona Sudeste. O suspeito foi flagrado quando encontrava com o motorista do Renault Mégane, com placa de Dourados (MS), parado no acostamento da rodovia. O entorpecente estava acondicionado nas canaletas de ar do veículo. O condutor usado como "mula", 28, não teve sua identidade revelada. Ele é o quinto homem proveniente do Mato Grosso do Sul apreendido nas operações Caminho Novo, deflagradas pela PF para coibir a entrada de drogas na cidade com base nas rotas utilizadas pelos criminosos.
"Prendemos o homem que receberia a cocaína. Ele atua aqui há muitos anos, já foi preso várias vezes e também se tornou meio mito, abastecendo todo o complexo do Furtado de Menezes e Olavo Costa. Depois da morte de outro traficante, ele passou a dominar a distribuição de drogas nessa região" disse Dornelas. Conforme o delegado, a suspeita é de que Chim, morador da região conhecida como "Paredão da Olavo Costa", receberia o carro carregado com entorpecente e o levaria para algum ponto a fim de desmontá-lo para retirar a pasta base.
"O motorista recebeu o veículo já 'preparado' em Ponta Porã (MS). As porções da droga estavam amarradas com cordas, para irem saindo quando fossem puxadas. Estavam bem escondidas, e dificilmente seriam achadas em uma fiscalização comum. Mas o Chim sabe fazer isso (desmontar) porque mexe com capotaria e lanternagem. Ele iria retirar a pasta base, e o motorista ficaria aguardando em um hotel para levar o carro de volta", contou o delegado. "Temos conhecimento que o Chim pagaria R$ 10 mil ao rapaz que trouxe a droga, mas, no momento da prisão, ele jogou o dinheiro fora, e não conseguimos localizar."
De acordo com Dornelas, depois de batizada, a pasta base renderia até 50kg e estaria avaliada em R$ 1 milhão. Também foram apreendidos R$ 734 em poder do motorista, quatro celulares e dois pacotes da substância cloridrato, que poderia ser usado no refino. A operação foi batizada de "Caminho novo IV". "Há dois meses estamos apurando possíveis rotas do tráfico, em conjunto com outros estados. Desta vez, o carro seguiu pelo caminho mais conhecido, saindo do Mato Grosso do Sul, passando por São Paulo e Rio."
A detenção de Chim foi comemorada pelo chefe da PF, que fez referência à prisão de outro traficante conhecido na cidade, o Marcelo José de Moraes Pinto, 41, vulgo Marcelo Bozó, detido pelos federais no dia 30 de julho com mais de R$ 1 milhão em espécie em um apartamento de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. "Divulgamos os nomes deles para as pessoas que os conhecem e militam na área verem que não teremos mais mito em traficantes."
Os dois suspeitos presos na 040 foram autuados em flagrante por tráfico de drogas e associação para o mesmo crime, com agravante de tráfico interestadual. Eles foram encaminhados ao Ceresp. "No caso do Chim, vou fazer igual fiz com Bozó: pedir a máxima de Contagem (transferência para o Complexo Penitenciário Nelson Hungria, na região Metropolitana de Belo Horizonte)."

Delegado explica papéis de Bozó e de Chim no tráfico

A partir da prisão de Ademir Paulino de Lima, conhecido como Chim, a Polícia Federal vai apurar a suposta participação do suspeito em outros crimes registrados na Zona Sudeste, onde ele atuaria. "Chim comandava e financiava parte do tráfico em Juiz de Fora, comandando um verdadeiro exército de traficantes", apontou o delegado chefe da PF, Cláudio Dornelas.
Dornelas avaliou que Marcelo Bozó, preso no final de julho no Rio de Janeiro, atuava na venda em atacado da cocaína, enquanto Chim seria distribuidor varejista da droga. "Bozó abastecia vários territórios e outras cidades. Chim era um grande 'boqueiro', mas ganhou poder de vida e morte. Acreditamos que ele montaria uma rede de processamento para transformar a pasta em cocaína e crack para distribuir a droga nas bocas de fumo."
Ainda segundo ele, os 17kg de pasta base teriam vindo para o Brasil do Paraguai, mas seriam provenientes da Bolívia ou Colômbia. "O Paraguai manda armas para eles, e eles devolvem o mesmo avião carregado com o entorpecente." Ele destacou a importância do trabalho: "Em menos de dois dias, apreendemos quase 30kg de cocaína. Até agora, cinco traficantes do Mato Grosso do Sul foram presos trazendo droga para cá. Traficantes investem na região porque é um polo consumidor."
Em nota, a comissão local de greve da Polícia Federal, que iniciou o movimento na última terça-feira, informou que o ato de protesto não objetiva prejudicar a sociedade. "Não cruzaremos os braços diante do combate ao crime, como ficou claro nas duas últimas ações policiais nos dias 7 e 8." Dornelas fez coro: "Quero que eles (traficantes) acreditem que estamos parados, mas não vamos deixar a droga entrar aqui."

FONTE: TRIBUNA DE MINAS
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/mais-um-lider-do-trafico-cai-1.1137741

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