quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Aglomerado da Serra

Policiais acusados de matar moradores vão a júri popular


Enfermeiro e padeiro foram assassinados com tiros de fuzil em ação policial em 2011
Publicado no Jornal OTEMPO em 24/10/2012

NATÁLIA OLIVEIRA


FOTO: CRISTIANO TRAD - 28.2.2011
Presos. Jason Paschoalino e Jonas Rosa estão presos desde 23 de fevereiro de 2011 em batalhões da capital e de Contagem
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A Justiça de Minas confirmou ontem a decisão de mandar a júri popular os policiais militares Jason Ferreira Paschoalino, 25, e Jonas David Rosa, 24, acusados de matar o enfermeiro Renilson Veriano da Silva, 39, e o sobrinho dele, o padeiro Jeferson Coelho da Silva, 17, em 19 de fevereiro de 2011, no Aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ainda não há data para o julgamento. Os advogados dos réus prometem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A decisão atende a um recurso da defesa dos policiais, que pedia que eles fossem julgados pela Justiça Militar, alegando que as mortes aconteceram durante o horário de trabalho dos militares. Em sua decisão, o desembargador Júlio Cesar Lorens, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), justificou a negativa dizendo que mesmo sendo cometido por um policial, o crime é de natureza dolosa (quando há intenção de matar) e praticado contra civis. A decisão contestada, que os levou a júri, é de outubro passado.

De qualquer maneira, a defesa vai insistir em levar os clientes à Justiça Militar. "Eles estavam fardados e armados na ocasião do crime e, por isso, o julgamento deveria ser feito pela Justiça Militar", disse o advogado de Paschoalino, Ricardo Guimarães. O advogado de David Rosa, Aguinaldo Aquino, disse que a entrada do recurso será conjunta, porém ainda não há data.

Sentença. Os policiais são acusados de homicídio doloso qualificado e, se forem condenados, as penas podem variar entre 12 a 30 anos para cada assassinato.

Para o pai de Jeferson e irmão de Renilson, o sargento da Polícia Mililtar Denilson Veriano da Silva, 42, a decisão da Justiça vem como um alívio. "É muito justo que eles sejam levados a júri popular. Eu agora espero que eles recebam a pena máxima. Meu filho faria 19 anos no próximo dia 5. Eu carrego um vazio no peito por causa da perda dele e do meu irmão", disse.

As mortes aconteceram em uma desastrosa operação do Batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam). Tio e sobrinho foram executados com tiros de fuzil - nenhum dos dois tinha envolvimento com crimes.

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