sexta-feira, 15 de junho de 2012

Deputados dizem ter provas para abrir CPI

Testemunha prestou depoimento na PF em Juiz de Fora; parlamentares dizem faltar apenas uma assinatura para instaurar processo

Por Renato Salles
A Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) acredita ter conseguido reunir as provas que faltavam para a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias de que policiais civis e militares estariam envolvidos no crime organizado no município. Na tarde dessa sexta-feira (15), os deputados estaduais Sargento Rodrigues (PDT) e Paulo Lamac (PT) estiveram em Juiz de Fora e ouviram o depoimento de uma pessoa ligada à organização que explora as atividades de caça-níquel e jogo do bicho na cidade. O nome da testemunha foi mantido em sigilo pelos parlamentares. O encontro aconteceu na Delegacia de Polícia Federal e contou com a participação de representantes do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, da Polícia Federal e das corregedorias das polícias Civil e Militar.
"Tivemos um depoimento muito longo de um dos envolvidos com o esquema de contravenção que atua na cidade. Essa pessoa explanou com riquezas de detalhes sobre a forma de atuação dos contraventores, o envolvimento de policiais civis e militares e até mesmo como funcionava a propina, com a confirmação de que um delegado chegou a receber pagamentos entre R$ 10 e R$ 16 mil, alguns até mesmo dentro da delegacia", afirma Rodrigues.
Para conseguir instaurar a CPI, os deputados precisam recolher mais uma assinatura. "São informações bombásticas. Esperamos conseguir isso. Já temos 25 assinaturas e precisamos chegar a 26. A instauração da CPI permitirá uma investigação mais aprofundada. Teremos poder de convocação e de utilizar medidas jurídicas como quebra de sigilos bancário e telefônico, explica o pedetista. A atual configuração da ALMG conta com 77 parlamentares e, para instaurar a comissão, é necessária a adesão de um terço dos deputados.
Segundo Lamac, não há dúvida de que existem ligações entre o esquema de Juiz de Fora e o empresário e contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, principal alvo de uma CPI Mista do Congresso, que investiga suas relações com agentes públicos e privados. "Este depoimento mostra que ,em pelo menos 22 pontos há claros vínculos estabelecidos entre as partes, como a utilização de máquinas procedentes de Goiás, reduto de Cachoeira. Vamos utilizar isso como ferramenta de convencimento para a instauração da CPI."
De acordo com as investigações da CDH, os números da contravenção em Juiz de Fora impressionam. Atualmente, existiriam entre 700 e mil máquinas de caça-níqueis operando no município, que renderiam até R$ 500 mil por dia. Assim, o faturamento mensal dos criminosos poderia chegar a R$ 15 milhões. "Tivemos a confirmação de que no auge de suas atuações dois contraventores investigados chegaram a ter 500 caça-níqueis cada, o que justificaria o grande patrimônio acumulado por um deles nos últimos 15 anos."

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