quarta-feira, 6 de junho de 2012

Parceria viabiliza obra e trabalho no Ceresp/JF

Fábrica, refeitório e sala para advogados construídas pelos presos, com apoio da comunidade




Por RENATA BRUM









O Ceresp de Juiz de Fora passa por uma série de melhorias estruturais, viabilizadas por meio de parceria entre a direção da unidade e a comunidade. Além de um refeitório de 130 metros quadrados, que já está pronto, e da construção de uma fábrica dentro da unidade, em pleno funcionamento, estão sendo erguidas duas salas para atendimento dos presos pelos defensores públicos e uma outra de apoio aos advogados. As obras físicas, que permitem maior conforto e segurança para todos que frequentam a unidade prisional, estão sendo executadas pelos presos do cadeião e viabilizadas com ajuda de comerciantes, empresários, advogados, 4ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Pastoral Carcerária.
"Os advogados não tinham a mínima estrutura dentro da unidade. Às vezes, ficavam uma, duas horas aguardando para o preso ser solto, e isso, muitas vezes, na chuva. A sala está sendo construída para dar o mínimo de dignidade para a categoria, sendo custeada pela OAB e executada pela mão de obra existente no Ceresp", explicou o presidente da 4ª Subseção da OAB, Wagner Parrot, adiantando que o mesmo será feito na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires.
Defensora pública e coordenadora da Execução Criminal da Comarca de Juiz de Fora, Luciana Gagliardi, também destacou que as obras vão possibilitar o atendimento efetivo aos presos. "Não tínhamos estrutura, computador, nada. Tínhamos que anotar o nome do preso na visita, para checar todos os seus dados e processos na defensoria, e, só depois,em um segundo encontro, dávamos uma resposta a eles. Com a nova sala, teremos computador e internet e condições de acompanhar a situação do preso efetivamente. Foi uma solicitação nossa, atendida prontamente pela direção da unidade. Com esforços próprios, estamos conseguindo viabilizar o projeto", destacou a defensora.
Diretor geral da unidade, Giovani de Moraes Gomes frisou que as melhorias estão sendo possíveis graças à comunidade. "Fizemos um refeitório para atender os agentes, e todo o material foi cedido pela comunidade e pelos empresários parceiros. Agora estamos construindo as duas salas com o objetivo de dar mais conforto a advogados e defensores. Até então, só tinham o parlatório, que também foi reformado e ampliado com ajuda da OAB. Além das melhorias estruturais da unidade, as obras garantem o aproveitamento da mão de obra existente aqui dentro." Atualmente são 97 presos trabalhando no Ceresp, 70 deles contam com remissão de pena e os outros 27, além da remissão, garantem o recebimento de um salário mínimo mensal."
Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), em fevereiro passado, foi firmado um termo de cooperação técnica entre a secretaria e a OAB/MG para construção de salas de atendimento para os advogados nas unidades prisionais, reforma dos espaços já existentes e dos parlatórios. As obras são realizadas com recursos da OAB/MG, com utilização da mão de obra dos presos.

33 presos atuam em confecção

Outra iniciativa pioneira foi colocada em prática no Ceresp com o apoio do empresariado do município. Desde o mês passado, uma fábrica de cuecas funciona na instituição, e 33 presos já estão trabalhando na confecção das peças de algodão e lycra. Eles receberão o primeiro salário no dia 1º de julho. "Tudo começou com quatro presos trabalhando na alfaiataria, e, hoje, devido à parceria com uma malharia, já são quase 40 detentos na confecção. A expectativa é de que até o fim do ano sejam 180 vagas só neste setor. É um grande passo para a ressocialização dos presos", destacou o diretor geral do Ceresp, Giovani de Moraes Gomes.
W., 31 anos, ex-detento, é um exemplo de sucesso do projeto. Ele foi o primeiro a trabalhar para a malharia e, hoje, é um dos coordenadores da fábrica dentro da unidade e mecânico das máquinas. "Foi uma porta que se abriu comigo e, agora, outros estão podendo aproveitar. O trabalho é importante, pois, além de distrair, faz com que tiremos o foco do crime. Ele também permite, de fato, a ressocialização. Para mim, é um mérito olhar para trás e ver a situação em que estava e olhar para o agora."
Segundo a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), ações semelhantes vêm sendo desenvolvidas em outras unidades do estado. De acordo com a Seds, a política pública de reinserção social dos presos é estruturada por meio do Programa "Trabalhando a cidadania", que são ações coordenadas de trabalho e renda, ensino e profissionalização, atendimento jurídico e saúde. Atualmente, nas 128 unidades prisionais do estado, são mais de 12 mil presos trabalhando em diversas parcerias com empresas privadas, fundações, autarquias, organizações da sociedade civil e prefeituras. Ainda conforme a Seds, o empresariado interessado em firmar parceria com o sistema prisional deverá entrar em contato com a unidade prisional da sua região.
Galeria de Imagens


FONTE: TRIBUNA DE MINAS

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