quinta-feira, 17 de maio de 2012

Matador aponta local de desova

Polícia Civil encontra corpo em local indicado por Zé do Galo, que acompanhou ação em Rosário de Minas

Por Marcos Araújo
Atualizada às 21h03
O corpo de um homem foi encontrado quarta-feira (16) em um terreno de Rosário de Minas, que pode ter sido usado como desova para dezenas de vítimas. Em operação realizada pela Polícia Civil naquela localidade, o matador de aluguel José Éder Barbosa, 31 anos, o Zé do Galo, indicou onde estaria o corpo de Carlos Renê Pilate, 47, morto em novembro do ano passado. O assassino confesso, que acompanhou a escavação no local, afirma que já teria executado 24 pessoas de Juiz de Fora naquela área. A Polícia Civil, entretanto, confirma que estão em investigação seis homicídios que teriam sido praticados pelo matador e sua quadrilha. A frieza do suspeito, que conta detalhes de como mata suas vítimas, chocou até mesmo a polícia.
O encontro da cova onde estava o corpo de Carlos Renê aconteceu no início da tarde de ontem, quando policiais do Núcleo de Ações Operacionais da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, com apoio de policiais da 7ª Delegacia e agentes do Sistema Prisional de Muriaé, chegaram a um casebre de pau a pique dentro de uma mata. A vítima teria sido assassinada no barraco, cujo acesso se dá por meio de uma trilha. Com ajuda do Corpo de Bombeiros, o cadáver foi encontrado a alguns metros da ocupação, depois de menos de cinco minutos de escavações. Ele estava coberto com restos de cal, que, conforme a polícia, teria sido usado para corroer a carne e evitar mau cheiro. De acordo com Zé do Galo, Carlos foi morto com 11 tiros dentro do casebre, que seria utilizado por ele e seus comparsas para as execuções encomendadas.
Antes de apontar o ponto exato em que a vítima foi enterrada, o homem contou aos policiais como teria sido o crime, o momento em que os tiros foram disparados e como agiu depois. "A vítima tinha uns 90kg e quase dois metros de altura e só morreu depois de levar 11 tiros", contou o matador, completando: "Após a morte, o corpo foi levado para a cova, sendo colocado no buraco como se estivesse sentado. Depois, ainda plantei uma vegetação em cima para escondê-lo. Antes de ele morrer, vim algumas vezes aqui para beber vinho com ele. Acho que isso todo mundo merece e não via nada demais", disse Zé do Galo, sem expressar arrependimento. No casebre, foi localizada, ainda, uma camisa de malha, com manchas de sangue e marcas de tiro transfixante. Zé do Galo teria confirmado que a roupa pertencia a outra vítima executada no local. De acordo com a titular do Núcleo de Ações Operacionais, delegada Sheila Oliveira, há suspeita de haver outros corpos enterrados nas proximidades.
Como apontou a delegada, a Polícia Civil já tinha instaurado inquérito para apurar o desaparecimento de Carlos, uma vez que sua família procurou a delegacia, na época de seu sumiço. "Desde então, vínhamos apurando o desaparecimento até que ligamos o caso aos homicídios praticados pelo suspeito", contou a delegada, explicando que o criminoso relatou que teria comprado o casebre da vítima, chegando a morar lá durante algum tempo. Teria acontecido um desentendimento entre ambos, o que teria ocasionado o homicídio. "Todos esses fatos serão apurados. Com a descoberta do corpo, o suspeito será indiciado por homicídio qualificado por ocultação de cadáver e impossibilidade de defesa da vítima." Hoje, depois de prestar depoimento na delegacia, Zé do Galo deverá retornar à Penitenciária de Muriaé, onde está preso por causa de um latrocínio cometido em Rio Pomba. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). Também foi localizado outro barraco, na mesma trilha, apontado pelo suspeito, como lugar onde sua quadrilha limpava as ferramentas utilizadas para esconder os cadáveres e roupas sujas de sangue. No interior, os policiais encontraram um saco de cal.

Personalidade sádica e sem remorso

Uma negociação entre Zé do Galo e Polícia Civil resultou no encontro do corpo de Carlos Renê Pilate. Segundo a delegada Sheila Oliveira, o suspeito só indicou a localização da vítima após visitar sua mãe, moradora do Bairro Linhares, Zona Leste, que está acamada. "Ele propôs este acordo, que foi cumprido, para entregar o paradeiro do corpo." Zé do Galo foi preso em flagrante, há cerca de um mês e meio, em Rio Pomba, onde praticou latrocínio. Lá, ele permaneceu preso até ser transferido para o Ceresp de Juiz de Fora, onde chegou a se envolver em outra ocorrência dentro do cadeião. Ele teria tentado enforcar um detento, de 22 anos, no dia 24 de abril. O suspeito teria asfixiado o preso com uma corda feita de lençol e pedaços de toalha de banho. Conforme a assessoria da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), os agentes penitenciários foram acionados por outro preso. Os profissionais deram ordem para o suspeito parar as agressões, mas não foram atendidos. Ao tentar libertar o detento, que já estava desmaiado, um servidor foi agredido por Zé do Galo. Dois agentes penitenciários que estavam em frente à cela fizeram um disparo de arma não letal, e o tiro de borracha atingiu a panturrilha do agressor.
Segundo a Polícia Civil, depois deste fato, Zé do Galo foi transferido para a Penitenciária de Muriaé. Sheila Oliveira afirmou que o suspeito tem envolvimento em diversos crimes, como latrocínios, atentado violento ao pudor e roubos, já tendo cumprido 17 anos de detenção. Na ocasião do último latrocínio em Rio Pomba, ele estava foragido. O suspeito e seus comparsas seriam assassinos de aluguel e receberiam encomendas para praticar homicídios. A delegada disse que ainda não tinha informação sobre o valor cobrado pela quadrilha para realizar as execuções, mas contou o modo como agiam. "Depois de receber o serviço, eles procuravam a vítima e usavam de força física para colocá-las em um automóvel. Em seguida, partiam para os locais, onde o assassinato era realizado, como em Rosário de Minas", contou a delegada, acrescentando que o suspeito vem assumindo a autoria dos homicídios, enquanto o resto dos comparsas continuariam agindo. Ainda conforme as investigações, o matador apresenta uma personalidade sádica e não aparenta remorso ao falar de suas vítimas. Ontem, durante a escavação do corpo, ele disse aos policiais: "Quando eu mato, minha alma fica em paz". Ele também afirmou: "Os meninos que pisam na bola comigo devem ficar ligados, porque estou na área. Quem mexer com minha mulher também tem que ter cuidado."
Sobre as armas utilizadas nos crimes, o suspeito afirmou que, para matar, usava as de calibre leve. Já aquelas de grosso calibre seriam usadas como proteção dele e de seu bando. A delegada informou que, durante a apuração, algumas armas já foram apreendidas.

FONTE: TRIBUNA DE MINAS

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